09/11/2011

Principais Doutrinas Éticas

A Idade Antiga
Sócrates, considerado pai da filosofia moral, nasceu em Atenas. É conhecido como o precursor da filosofia, mesmo não tendo deixado sequer um documento escrito. Viveu a democracia grega do inicio ao fim. Sua principal contribuição se deu na busca da "verdade", que considerou uma forma de juízo universal, capaz de dirigir a vida das pessoas, no plano pessoal e político. Não pretendia ensinar mas sim aprender, sendo uma de suas conclusões a própria limitação perante ao conhecimento, o que a maioria dos sábios da época não admitia. A questão principal de sua ética era o bem supremo da vida humana, a felicidade.
Platão foi discípulo de Sócrates, e imortalizou seu mestre por meio de suas obras. Para ele tudo o que conhecemos com existente não são reais, mas sim imagens refletidas do ser transcendente, pois segundo ele existiam dois mundos: um sensível e o outro supra-sensível, ou inteligível. Sua moral assim com a de Sócrates e Aristoteles é baseada na felicidade (eudemonista). Fica evidenciada a valorização da razão, subordinando o mundo sensível ao das idéias, omoral ao supramoral.
Aritóteles, foi discípulo de Platão e antecessor de Alexandre Magno. Mais tarde fundou o Liceu, que se tornou um centro de estudos das ciências naturais. Diferentemente de Platão, não dispensou o mundo sensível, buscando unir as observações desse à ciência e à filosofia. Preocupou-se bastante com a forma como as pessoas viviam em sociedade, rejeitando o mundo inteligível por vê-lo incapaz de oferecer explicações sobre as questões ligadas aos sentidos. Para ele, o conhecimento deveria ser do real e não de sua idéia. Sua ética visava um fim, no caso, que o ser humano pudesse alcançar a felicidade. Entendia a moral como um conjunto de qualidades que definia a forma de viver e de conviver das pessoas, uma espécie de segunda natureza que guiaria o ser humano para a felicidade. Para ele essa felicidade era composta de vários bens: sabedoria, virtude e prazer.
Epicuro, criador do Epicurismo, acreditava que a sabedoria, a honestidade e a justiça eram indispensáveis para uma vida feliz. Além disso, o prazer duradouro é segundo ele o grande fim da moral. Para ele, a filosofia estava dividida em 3 partes, sendo a ética a mais importante delas, por ser a que indicaria o caminho da sabedoria e, portanto, da felicidade.
Zenão, seguidor do estoicismo, que acredita ser a virtude o grande fim da vida humana. Segundo essa ética estoicista, a virtude moral é constituída de conhecimento racional e força suprema, "no mundo acontece apenas o que Deus quer e o sábio deve aceitar o seu destino". O estoicismo é, portanto, uma forma de viver conforme a natureza.

Idade Média
Com a forte influência do Cristianismo sobre a moral, entraram em cena valores como a autonegação, a humildade, e a prontidão para obedecer já que agora o homem passou a ser considerado a imagem e semelhança de Deus, e este sendo considerado o início e fim de tudo, inclusive da lei moral. Alguns valores morais como a fé, a esperança e a caridade além da igualdade passaram a fazer parte da ética cristã que regulava a vida das pessoas. Os principais teóricos comprovam que a religião estava muito presente na filosofia. A situação sócio-política era mais complicada, de modo que não se podia pretender a mesma harmonia da polis grega.
Foi considerada pelo renascimento, época que a sucedeu, de forma preconceituosa e como um momento de obscuridade, justificado pelas epidemias, e pelo medo reinante. Por outro lado houve efeitos significativos no campo cultural filosófico e cientifico, como a preservação da cultura greco-romana, organização do sistema educacional e criação de escolas. A ética cristã difundida amplamente nesse período visava regular a vida das pessoas, visando o mundo futuro. Seguem as principais correntes morais desenvolvidas no período.
Santo Agostinho viveu em um a época em que o Cristianismo era o centro de tudo e a razão estava em decadência, por isso ele tentou restaura-la através da fé, pois para ele era preciso "compreender para crer e crer para compreender". Segundo ele, Deus é a bondade absoluta, já o homem tem o livre-arbítrio para optar entre os ensinamentos divinos e o pecado. Mas tem a graça para se redimir se optar pelo pecado.
Tomás de Aquino pregava que o fim último é Deus, do qual depende a felicidade humana, considerando a fé mais importante que a razão e a filosofia. O caminho para atingir o fim e conseqüentemente a felicidade seria a contemplação à Deus e o conhecimento dele e de seus atributos.
Essas visões apresentadas na Idade Média transferem a felicidade de algo que se atingiria sozinho, para algo que só se poderia obter com a "ajuda" de Deus. E a própria felicidade passa a ser uma bem-aventurança que só pode ser atingida pela fé cristã.

Idade Moderna
Com a ascensão do capitalismo, do desenvolvimento científico, fortalecimento da burguesia e perda de influência da Igreja Católica na Idade Moderna, o indivíduo passa a ter valores próprios, sendo seu fim e fundamento e agregando os outros valores através da ciência, política, arte e da moral. Diferindo da modernidade anteriormente estabelecida, a idade moderna tem aspectos peculiares no âmbito econômico, político, social e espiritual, com enfoque nas relações econômicas capitalistas e no desenvolvimento científico.
Immanuel Kant elabora a doutrina que afirma que a lei moral era apresentada ao homem em sua própria consciência e que a "boa vontade" é que define as ações do homem. Demonstrou que o ser humano não é o objeto central, ou contrario o que ele conhecia era o produto de sua consciência. A moral kantiana esta baseada na pura razão e do puro dever. A pratica moral devia basear-se apenas nas orientações da razão deixando de lado o mundo empírico. Seu ideal moral é profundamente marcado pelo cristianismo e por suas convicções cristãs.

Idade Contemporânea
A idade contemporânea foi um período de grande progresso cientifico e valorização do ser humano concreto, tanto que foi onde se constituíram os princípios básicos de igualdade e liberdade.
Karl Marx foi o fundador e maior representante do materialismo histórico, e entendia que o ser humano era ao mesmo tempo social e histórico, objetivo e subjetivo, capaz de capaz de criar, interferir e transformar a realidade. Para ele a moral serve de justificação para as relações materiais e sociais que os seres humanos estabelecem entre si. A moral para Marx é relativa, pois está condicionada ao momento, às condições históricas e de classe.
Friedrich Nietzsche, que chegou a cogitar seguir o protestantismo da mesma maneira que os pais, se afastou e passou a criticá-lo, assim como fez com toas as outras teorias científicas e com a sociedade em si. Em suas obras, Nietzsche promove uma grande inversão de valores, colocando em segundo plano os valores que a sociedade julgava fundamentais e certos. Procurou dissolver a afirmação que colocava a verdade como um bem e o erro como um mal,procurando entender o porquê da valorização de alguns atos e não de outros..
Charles Sanders Peirce, definiu o pragmatismo como método por seu objetivo que consistia em auxiliar a compreensão da ciência e da filosofia. Ele procurava compreender a relação entre teoria e pratica, pensamento e ação. Para ele por tanto não existem valores absolutos.
Jean Paul Sartre, filosofo é representante do existencialismo ateu, que rejeita toda a verdade metafísica assim como todo valor universal. Como para ele não existe lei, o ser humano tem o direito de escolher o seu destino, e é totalmente responsável por essa escolha. Para ele a ética baseia-se na liberdade como fim, de que os seres humanos atribuam valores ao mundo. Portanto a valor moral não se da através da submissão a princípios pré-estabelecidos.

Escola de Frankfurt
Grande responsável pelos debates sobre os estudos da razão e as críticas sobre as conseqüências da atividade científica, o surgimento da escola de Frankfurt se deu no momento em que a confiança cega na razão foi desfeita, dando lugar à critica no seu poder de levar os seres humanos a situações verdadeiramente humanas. É conhecida pela ênfase que deu aos estudos sobre a razão. Suas reflexões partiram das teorias marxistas e freudianas, assim como também possui influencias de Hegel, Kant e Marx Weber.
Adorno criticou o otimismo de Walter Benjamin sobre o poder revolucionário do cinema, pois acreditava que ele não discutia o antagonismo existente no interior da técnica. Discute também a indústria cultural como portadora da ideologia dominante e comprometida em determinar o consumo
Horkjeimer, que tem participação na discussão sobre a cultura em conjunto com Adorno, delineou os traços principais da teoria crítica, em oposição à teoria tradicional que, segundo ele, era assentada no pensamento cartesiano. Sua proposta é no sentido de os indivíduos reagirem às imposições totalizadoras impostas pelo positivismo.
Marcuse, fortemente influenciado por Marx e Freud, analisa que a relação entre a liberdade e a servidão passou a ser tido como algo natural, assim como o amalgama que se fez entre a libertação e a agressão, produção e destruição. Prega que é necessário mudar os rumos da idéia do progresso.
Por ultimo, Habermas, que faz parte do segundo momento da escola de Frankfurt, tenta dar continuidade ao pensamento frankfurtiano através da teoria da ação comunicativa. Achava que a sociedade havia se reduzido a uma força produtiva, pois utiliza critérios positivistas para analisar questões práticas. A ética elaborada por ele é baseada no princípio de que a razão surge da ação comunicativa, do uso da linguagem como meio de chegar a um consenso comum, e para isso se teria que criar um ambiente de liberdade e não constrangimento das idéias.

Análise crítica
Dessa visão abrangente da história da filosofia ética, posso concluir que as escolas caminham dinamicamente juntas, apesar de termos divergências entre algumas delas. A exemplo, todas as teorias dos pensadores aqui apresentados apresentam uma tendência clara para o uso da razão, a valorização da produção humana, a liberdade de idéias e pontos de vista, pontos estes que podem vir a contribuir para a formação de uma teoria mais abrangente de maneira a suprir de maneira ainda mais completa os estudos sociais desenvolvidos ao longo dos tempos.

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