07/11/2011

Os Setes Saberes Básicos a Educação

INTRODUÇÃO
O processo de transformações econômicas e políticas que vêm acontecendo nas últimas décadas tendo como principal característica à integração dos mercados mundiais com a exploração de grandes empresas multinacionais e a revolução tecnológica com o uso cada vez maior de telefones, computadores e televisão e a uniformidade das informações com o surgimento e explosão da Internet e dos canais de televisão por assinatura vem com isso interagindo os países não só na economia e na política, como também na cultura e educação. Precisamos enfrentar as contradições que o desenvolvimento tecnoeconômico trouxe consigo, globalizando de um lado e excluindo do outro. Assumir que a educação do futuro deve ter como prioridade ensinar a ética da compreensão, entender a ética não como um conjunto de proposições abstratas, mas como atitude deliberada de todos os que acreditam que ainda é possível que sociedades democráticas abertas se solidarizem.
Os Setes Saberes necessários à Educação do futuro nos permite abrir os olhos para os entraves e enfermidades que a educação vem nos proporcionando ao longo dos tempos. Tamanho conhecimento do tema em questão podemos afirmar que estamos dando um passo grandioso para a educação do novo milênio.
Pois, só tomando consciência e se inteirando dos tópicos aqui apresentados é que vão nos permitir abrir um amplo leque as discussões mais sólidas e contundentes a uma nova visão à educação futura.

Capítulo I
AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO: O ERRO E ILUSÃO
Em educação quando nos referimos ao calcanhar de Aquiles, estamos nos referindo ao entrave que faz com que a educação do século passado tenha se mostrado tão cega, em não perceber e nem se preocupar em conhecer, o que vem a ser conhecer no ser humano. Compreende-lo em suas tendências, dificuldade, enfermidades, incertezas, que o fazem chegar a erros e ilusões. Fato este que faz com que a educação trate o conhecimento como uma ferramenta pronta que poder ser utilizada sem ser examinada. Sendo assim é necessário introduzir na educação o estudo das características cerebrais, mentais e culturais dos conhecimentos humanos e juntamente com seus processos psíquicos que os levam ao erro e a ilusão.
O conhecimento sob forma de palavras ou teoria é o fruto de uma tradução por meio da linguagem e do pensamento e por conseqüência esta sujeito ao erro. A educação deve tratar o conhecimento como a luz da razão que cada ser humano traz dentro de si.
A projeção que damos aos nossos desejos e nossos medos através de nossas perturbações mentais trazidas por nossas emoções aumentam os riscos de erros.
No mundo humano o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da AFETIVIDADE. A afetividade pode sufocar o conhecimento, mas pode também fortalece-lo. Há estreita relação entre inteligência e afetividade, que pode fazer com que o ser humano diminua ou aumente a sua faculdade de raciocínio que ao mesmo tempo poderá ser destruída pela falta de emoções.
Portanto a educação deve se dedicar, por conseguinte, a identificação da origem de erros ilusões e cegueiras. Dentre as cegueiras do conhecimento podemos ressaltar os erros mentais, erros intelectuais, erros da razão.
A memória é também fontes de erros. Nossa mente, inconscientemente, tende a selecionar lembranças que nos convêm e a realçar ou mesmo apagar aquelas desfavoráveis. A mente que a fonte insubstituível da verdade pode ela própria estar sujeita aos erros e as ilusões. Nossas teorias, doutrinas, ideologias estão sujeitas ao erro, mas também protegem os erros e as ilusões que estão invulneráveis a qualquer crítica.
Aquele que faz uso da razão deve reconhecer a parte de afeto amor e de arrependimento. A verdadeira razão conhece os limites da lógica. O emprego de métodos científicos se faz crê racional porque constitui um sistema lógico perfeito, fundamentado na dedução ou indução, mas fundamenta-se em bases mutiladas que falsas e nega-se a contestação de argumentos e à verificação baseada apenas na experiência e na prática.
O que permite a diferença entre vigília e sonho, imaginário e real, objetivo e subjetivo é a atividade racional da mente, ou seja, que faz uso da razão que apela para o controle do ambiente. O verdadeiro uso da razão conhece os limites da lógica, do determinismo e do mecanismo, pois sabe que a mente humana, não poderia saber tudo.
As cegueiras paradigmáticas.
O conjunto de crenças e conceitos de uma sociedade que, por vezes se mostra inconsciente determina dupla visão do mundo de objetos submetidos a observações, experimentações, manipulações de questionamentos sobre problemas de existência, comunicação, consciência e destino. Assim o conjunto desses conceitos pode ao mesmo tempo elucidar e cegar, relevar e cultuar. É através desse comportamento social que se esconde o problema-chave do jogo da verdade e do erro.
As sociedades domesticam os indivíduos por meio de mitos, idéias, normas, proibições, bloqueios sob o conformismo de uma herança cultural tão imposta, tão conformada que não se dá conta de que as idéias existem pelo homem e para ele, mas que também o homem existe pelas idéias e para elas.
Diante de tal cegueira e conformidade o homem esquece que poderia contesta-las se não achasse que tudo acontece por ser normal. Mais uma vez vê que o principal obstáculo intelectual para o conhecimento se encontra em nosso meio intelectual de conhecimentos. O mito e a ideologia destroem e devoram os fatos. Os indivíduos poderiam domesticar as idéias ao mesmo tempo em que poderiam controlar a sociedade que os controla. Na luta contra a ilusão devemos manter uma batalha crucial contra as idéias, mas somente podermos fazê-lo com ajuda de idéias. Diante desta contradição, não podemos esquecer de manter nossas idéias em seu papel mediador e impedir que se identifiquem com o real. Devemos reconhecer como dignos de fé apenas as idéias que comportem a idéia de que o real resiste à idéia. Esta é uma luta contra a ilusão.
No agarramos sempre em teorias e idéias sem prever jamais a chegada do novo sem esperar o inesperado e quando esse chega devemos estar aberto a rever nossas teorias e idéias.
Necessitamos civilizar nossas teorias, ou seja, desenvolver nova geração de teorias abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas, aptas a se auto-reformar. Devemos compreender que, na busca da verdade as atividades auto-observadoras devem ser inseparáveis das atividades observadoras, as autocríticas.
Quanto sofrimento e desorientações foram causados por erros e ilusões. Por isso o problema da compreensão do conhecimento é de grande importância no estudo da origem, evolução de costumes do ser humano. O dever principal da educação é de armar cada um para o combate vital para se chegar à lucidez.

Capítulo II
OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO PERTINENTE
É necessário desenvolver a aptidão natural do espírito humano, ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações e as influências recíprocas entre as partes e o todo em mundo complexo. Alem disso, tanto no ser humano, quanto nos seres vivos existe a presença do todo no interior das partes. A sociedade, como um todo, está presente em cada indivíduo na sua linguagem, em seu saber, em suas obrigações e em suas normas. O conhecimento pertinente deve enfrentar a complexidade. De fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo como o econômico o político, o sociológico, o psicológico, afetivo e o mitológico.
Em conseqüência, a educação deve promover a "inteligência geral" apta a referir-se ao complexo, ao contexto dentro da concepção global.
A educação deve favorecer a aptidão natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e de forma correlata, estimular o uso total da inteligência geral. Este uso total pede o livre exercício da curiosidade, a faculdade mais expandida e mais viva durante a infância e adolescência, que com freqüência a instrução extingue e que, ao contrario esse trata de estimular.
Não se trata de abandonar o conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem de análise pela síntese; é preciso conjuga-las. Existem desafios da complexidade se confrontam com os desenvolvimentos próprios da nossa era planetária.

Capítulo III
ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA
Conhecer o ser humano é antes de tudo situa-lo no universo e não separa-lo dele. Devemos refletir: "Quem somos?", é inseparável de "Onde estamos?" "De onde viemos?" "Para onde vamos?". Interrogar nossa condição humana implica questionar primeiro nossa posição no mundo. A condição humana deveria ser o objetivo essencial do ensino. O homem deve reconhecer que está enraizado e desenraizado da natureza. Estamos dentro e fora dela. Numa condição cósmica nos encontramos num gigantesco cosmos em expansão constituído de bilhões de galáxias e de bilhões de bilhões de estrelas. Numa condição física, somos seres vivos ao longo dos séculos inseridos no espaço cósmico, algumas migalhas da existência solar, pequeno broto da existência terrena. Numa condição terrena somos a um só tempo seres cósmicos e terrestres. Como seres vivos deste planeta, dependemos vitalmente da biosfera terrestre, devemos reconhecer nossa identidade terrena, física e biológica. A importância da humanização é primordial à educação voltada para a condição humana. Porque nos mostra como a animalidade e humanidade constituem juntas nossa condição humana. O homem é um ser a um só tempo plenamente biológico e totalmente cultural que traz em si unidualidade originária. O homem desenvolveu de modo surpreendente suas potencialidades da via. É um ser totalmente biológico, mas se não dispusesse plenamente da cultural seria um primata do mais baixo nível. O homem somente se realiza plenamente como humano pela cultura e na cultura. Não há cultura sem cérebro humano. Circuito, cérebro mente e cultura há uma conexão interligada em que cada um dos termos é necessário um do outro.
A mente necessita do cérebro que surge a cultura que não existira sem o cérebro. O circuito razão, afeto, pulsão é uma instância concorrente contrarias às outras instâncias de uma tríade inseparável e é frágil, pois pode ser dominada, afogada, escravizada pela afetividade. O circuito individua, sociedade, espécie, conjunto de fatos que guardam relação entre si do ser humano não poderia ser compreendida, separada dos elementos que a constituem. Todo desenvolvimento humano significa o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana. A educação do futuro deve cuidar para que a idéia de unidade da espécie humana não apague a idéia de diversidade. A educação devera ilustrar este principio de unidade em todas as esferas. Na esfera individual existe a característica fundamental comuns e ao mesmo tempo possui suas próprias particularidades cerebrais, mentais psicológicas, afetivas e intelectuais. Na esfera social, o indivíduo difere e se une, separa, iguala da sociedade pela linguagem o que nos torna comum diante das organizações sociais e das culturas. Vivemos numa diversidade cultural e pluralidade de indivíduos.
As culturas são aparentemente fechadas em si mesmas para salvaguardar sua identidade singular. Mas na realidade, são também abertas, nelas integram somente os saberes e técnicas, mas também idéias, costumes, alimentos indivíduos vindos de fora. As assimilações de uma cultura a outra são enriquecedoras.O homem da racionalidade é também o homem da afetividade do mito e do delírio. O homem do trabalho é também o homem da experiência da prática, é também o homem da experiência da prática, é também o homem imaginário, o homem da economia, o homem do consumismo, o homem do divertimento. O homem prosaico é também o homem da poesia. O homem é um ser complexo por natureza, é racional e irracional capaz de ser medido e desmedido. Escravo da afetividade intensa e instável. Uma das vocações essenciais da educação do futuro será o exame e o estudo de sua complexidade que levaria a tomada de conhecimento da consciência, da condição comum a todos os humanos, e das diferenças dos povos, das culturas, sobre nosso enraizamento como cidadãos na Terra.

Capítulo IV
ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA
O século XX a um só tempo criou e dividiu um tecido planetário único, seus fragmentos ficaram isolados. O próprio desenvolvimento criou mais problemas do que soluções e conduziu à crise profunda de civilização que afeta as prosperas sociedades do Ocidente.
A planetarizacao provoca, no século XX, duas guerras mundiais e após 1989 a generalização da economia liberal denominada mundialização. A civilização ao longo dos tempos vem passando por correntes de transformações, porém não soltou suas amarras com o passado e junto acompanhou as inesgotáveis fontes do amor humano sofrendo carências afetivas de indiferenças de dureza e de crueldade. Porem produziu também o excesso de amor e mitos enganosos ilusões, falsas divindades.
Estamos comprometidos, na escala da vida, que é resistir a morte. Civilizar e solidarizar a terra, transformar a espécie humana em verdadeira humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda educação que aspira não apenas ao progresso, mas à sobrevida da humanidade. A consciência de nossa humanidade nesta era planetária deveria conduzir-nos a solidariedade e a comiseração recíproca de indivíduo para indivíduo, de todos para todos a educação do futuro deverá ensinar a ética da compreensão planetária.

Capitulo V
ENFRENTAR AS INCERTEZASÉ preciso aprender a enfrentar as incertezas, já que Vivemos em uma época de mudanças em que os valores são ambivalentes, em que tudo é ligado. É por isso que a educação do futuro deve se voltar para as incertezas ligadas ao conhecimento. Princípio de incerteza cérebro-mental que decorre do processo tradução/reconstrução próprio de todo conhecimento princípio da incerteza racional, princípio da incerteza psicológica. O pensamento deve, então se arrumar e guerrear para enfrentar as incertezas. Tudo que comporta oportunidade comporta risco, e o pensamento deve reconhecer as oportunidades de riscos. Assim como o risco que há nas oportunidades.

Capítulo VI
ENSINAR A COMPREENSÃO
A compreensão do outro requer a consciência de fatos que guardam relações entre si. A compreensão é do mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentido de compreensão mútua. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades; esta deve ser a tarefa da educação do futuro.

Capítulo VII
A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO
A educação deve levar em conta o caráter ternário da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo, sociedade e espécie. Nesse sentido a ética indivíduo como espécie necessita do controle mútuo da sociedade pelo indivíduo e do indivíduo pela sociedade.

CONCLUSÃO
Os Setes Saberes necessários à Educação do Futuro constituem em elos e caminhos a serem traçados por todos aqueles que pensam e fazem educação; e que estão preocupados com o futuro das crianças e adolescentes.
Os sete saberes selam um compromisso com uma educação integral e de qualidade, uma educação de peso destacando fatos históricos, culturais e sociais, sem excluir as regras próprias a cada cultura, a cada sociedade; respeitando o ser humano como homem que faz parte de um universo onde cada um onde quer que se encontre tome conhecimento e consciência de que faz parte de um contexto onde ele é o centro com necessidades e interesses acima de qualquer ideal inerente a sua condição de cidadão.

BIBLIOGRAFIA
Morin, Edgar, 1921.
Os sete saberes necessários à educação do futuro / Edgar Morin; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho.- 2. ed. – São Paulo; Cortez; Brasília, DF; UNESCO, 2000.
Titulo original: Lês sept savoirs nécessaires à l’education du futur.
Bibliografia.
ISBN 85-249-0741-X (Cortez)

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