20/06/2006

AS INQUIETAÇÕES DAS MUDANÇAS


"Quando as mudanças do mundo ocorrem em velocidade maior que a nossa, ésinal de que as coisas estão ficando complicadas". Jack Welch, Presidente daGeneral Eletric.
Ao ler uma apresentação intitulada "O Brasil e os desafios do Século XXI" deLuiz Almeida Marins Filho, Ph.D, achei bastante interessante e decidircompartilhar com um amigo através de e-mail, pois tinha certeza queprovocaria uma reação.
Não demorou muito e obtive o seguinte retorno (naíntegra):"Viver numa sociedade espantosamente dinâmica e instável é um desafio paratodos. Esta mudança de paradigmas e valores em tempo recorde exige esforçosredobrados e faz com que as pessoas saiam de sua zona natural de conforto.Não é fácil .... mas esta adaptação é imprescindível para a evolução daspessoas, e por conseguinte, da sociedade. Pessoalmente, estou passando poruma fase de adaptação muito difícil ... sinto a necessidade urgente de reveralguns valores pessoais e promover mudanças significativas na minha vida emdiversos aspectos, mas ... primeiro tenho que vencer a batalha mais difícil:a resistência interior e o medo do desconhecido (do novo) e de correrriscos. Estou passando por uma fase em que estou muito incomodado: estouquerendo caminhar, mas ainda não tenho força suficiente para dar o primeiropasso. Obrigado pela mensagem ... muito interessante! ".
Ao analisar a sua resposta muitas inquietações vieram à minha mente,sobretudo pela convicção, que o dilema que ele está vivendo, com certezareflete o comportamento de uma parcela significativa do mundo corporativo.Esta geração rotulada de "obsoleta", e que sempre trabalharam em ambientesrígidos, com chefias autoritárias, que geriam recursos ao invés deintelectos, que apesar de terem sido produtivas, com habilidades paraexecutarem todas as etapas estabelecidas para solucionarem um problema,sempre foram previsíveis, e educadas para serem uma mão-de-obra obediente,que respeitavam e valorizavam os regulamentos, e não tinham espaço paracometerem riscos, sem senso crítico e incapazes de atribuírem valores àsdiferentes possibilidades, que foram notadas apenas quando cometiam erros, epor conta disto eram facilmente manipuladas para não alterarem o poderestabelecido.
Agora com o intuito de satisfazer as novas expectativas geradas pelasconstantes mudanças estruturais do mercado, está sendo chamada à uma reaçãobrusca de atitude e comportamento. Previsivelmente, uma mudança dessamagnitude e rapidez afetou profundamente as idéias que as pessoas tinham desi mesmas e de suas carreiras, consequentemente gerou ondas sem precedentesde insatisfação e medo.
Outra constatação cristalina, é que é mais fácilmudar crenças intelectuais que sentimentos arraigados, e se não bastasse, afalta de preparo dos gestores, não tem permitido aos colaboradoresverbalizarem os seus conflitos internos.
Outra ausência significativa nesse processo é a de políticas e práticas dedesenvolvimento humano, com a fomentação de ambientes em que fossemestimuladas e bem recebidas todas essas mudanças, com a criação de espaçosque favorecessem a troca de experiências, onde estes colaboradores pudessemreceber todo o apoio necessário e com liberdade de expressão. Comoconseqüência natural os colaboradores acabam tendo dificuldades de sereposicionarem pessoal e profissionalmente.
Com o mapeamento desse cenário, o que lamentavelmente temos visto, é umavulgarização desta situação, que está sendo tratada como fato trivial. Esteconformismo, do modo que estão se dando as relações humanas, é extremamentedanoso. Já tive o dissabor de ouvir esta famigerada frase "Eles simplesmentenão encontraram o seu lugar, porque o sistema funciona assim, ou você seenquadra ou está fora" . O grande problema é que estamos em nossos lugaresaceitando a lógica deste sistema.
Fernando Pessoa diz com muita propriedade que "É preciso desaprender paradepois aprender", o grande dilema é saber o que temos que aprender, com quevelocidade e como vamos nos abrir para isso.Os problemas que ora retratamos, tem trazido muitas angústias e dissabores.Esta competitividade tão acirrada, gera ansiedade e acaba criandoperspectivas estreitas e com pensamentos confusos, e toda esta tensão acabaidiotizando as pessoas.Esta falta de visão da natureza humana, que ignora o poder das emoções élamentavelmente míope, e gera uma desconexão entre os colaboradores e omundo corporativo, trazendo implicações profundas e devastadoras.
Enquanto a solução adequada e global não se estabelece, ao meu amigo o qualconheço a sua qualidade e potencial, e aos que estiverem na mesma situação,posso comentar que tudo isso que acabo de escrever, é para dizer que, quandocoisas fundamentais estão acontecendo, é inútil opor-se. Se você não fizerparte do rolo compressor, fará certamente parte da estrada.
É muito melhorreconhecer o inevitável e fazê-lo trabalhar a nosso favor, quem não é parteda solução é parte do problema.
Façamos uma reflexão e lancemos um olharirreversível ao nosso próprio comportamento ao longo dos anos, e adotemos ascorreções, e busquemos nos renovar, rompendo crenças estabelecidas, eaprendendo a conviver com pessoas que joguem com outras regras, tirandoproveito das particularidades, pois nada acontecerá sem a nossatransformação pessoal.
Concluindo, faço um alerta, não deixem passar a oportunidade de procuraremalguma coisa diferente. Tenham em mente, que o melhor ambiente nos diasatuais, não é aquele do modelo antigo, onde se buscava subir a qualquercusto, hoje os melhores ambientes são os que nos permitem crescer. Sendoassim, não se satisfaçam com o que fazem.
O momento não é apenas de pegar obonde, e sim conduzi-lo.
Busquem sempre descobrir maneiras e métodos demelhorarem, mesmo que isso seja considerado contrários às tradições, tenhamclareza que aprender é um processo para a vida toda, realizem o seupotencial, sonhem alto, e persigam com muita determinação a realização deseus sonhos, se precisarem mudem a estratégia, nunca o sonho.
Mudem, paranão serem mudados, mas respeitem a sua vocação e seus valores, isto estásendo determinante no mundo atual.

ROMEU MENDES DO CARMOAdministrador de Empresas, com Pós-Graduação em Gestão da Tecnolologia da Informação

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