24/12/2010

TERMINOLOGIA E HISTORIA HOSPITALAR



Terminologia é o tratado acerca dos termos de uma ciência ou arte que emprega a uma palavra, portanto a terminologia é forma abstrata de como se define esta palavra para que seja clara, de forma expressiva e compreendida a um determinado objeto. Entretanto, a consciência de realidade altera-se com os aspectos do objeto e pode-se defini-lo pelas suas partes integrantes, sem perder o conjunto de consciência real do próprio objeto.
No caso do Hospital, o vocábulo latino "Hospes", que significa hospede, deu origem a "Hospitalis" e "Hospitium", palavras que designavam o local onde se abrigavam, na antigüidade, além dos enfermos, viajantes e peregrinos.
Para evitar as contradições e confusões, deve-se adotar uma terminologia apropriada e padronizada, sendo o primeiro passo o entendimento a partir da mesma linguagem, pois todo o processo administrativo do Hospital deve ser fundamentado à luz da precisão dos sentidos, dos termos, para que a avaliação, o controle e as comparações sejam validas, absolutas e padronizadas.
A Terminologia Hospitalar foi desenvolvido por uma comissão especial, que elaborou o primeiro trabalho oficial, resultando num conceito assim definido:
"Hospital é a instituição destinada a internar, para diagnostico e tratamento, pessoas que necessitam de Assistência Medica e cuidados constantes de enfermagem"¹.
Em 1973, o Ministério da Saúde, através da portaria n° 16 aprovou projeto elaborado pela coordenação de Assistência Medica e Hospitalar e designou um grupo de trabalho para a elaboração de uma terminologia hospitalar.
Na necessidade de ampliar o elenco e termos hospitalares, abrangendo também uma terminologia Epidemiológica, o Ministério da Saúde, redefiniu e reclassificou a terminologia e assim a comissão formada pela Portaria Ministerial n° 517 de 26/ 11/ 1975 apresentou uma nova terminologia hospitalar a qual será descrita.
2.1 ASSISTÊNCIA HOSPITALAR – O HOSPITAL
Define-se Assistência Hospitalar a prestação de serviços de saúde que tem por base o Hospital que é a instituição destinada a prestação destes serviços em regime de internação e de atendimento externo.
"O Hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade completa assistência à saúde, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família, em seu domicilio, e ainda um centro de treinamento medico e paramédico e de pesquisa bio-social".²
Casa de Saúde, Clínica, Policlínica, Instituto, Sanatório e outras, são denominações habitualmente usadas para designar hospitais.
2.1.1 Classificação do Hospital:
HOSPITAL GERAL capacitado a assistir pacientes de várias especialidades clínicas e cirúrgicas, podendo ser limitado a um grupo etário (hospital infantil), a um determinado grupo da comunidade (hospital militar) ou a finalidade específica(hospital de ensino).
HOSPITAL ESPECIALIZADO é aqueles capacitados a assistir, predominantemente, pacientes portadores de uma determinada doença, como exemplo Hospital do câncer, Hospital do coração.
HOSPITAL OFICIAL é o que pertence a órgãos oficiais da administração direta ou indireta, federal, estadual ou municipal.
HOSPITAL PARTICULAR OU PRIVADO pertence à pessoas jurídicas, não distribui benefícios a qualquer titulo; aplicando integralmente os seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos objetivos e em caso de extinção, seu patrimônio líquido é doado a outra instituição, com objetivos sociais idênticos.
HOSPITAL FILANTRÓPICO é aquele que não visa lucro e destina um percentual de sua lotação gratuitamente a pacientes desprovidos de qualquer plano de saúde e de recursos e não concede remuneração, gratificação, de qualquer título.
HOSPITAL BENEFICIENTE é aquele que não possui lucro e que assisti grupos específicos de pessoas; é mantido pela contribuição de seus associados e pela clientela que o utiliza, não distribuindo dividendos e reaplicando os resultados financeiros nas finalidades da instituição.
Quando o hospital particular não visa lucro e destina um percentual de sua lotação para assistir gratuitamente pacientes desprovidos de qualquer plano de saúde e de recursos e não concede remuneração, gratificação, de qualquer título é denominado de HOSPITAL FILANTRÓPICO. Já o BENEFICIENTE é o hospital particular não lucrativo que assisti grupos específicos de pessoas e é mantido pela contribuição de seus associados e pela clientela que o utiliza, não distribuindo dividendos e reaplicando os resultados financeiros nas finalidades da instituição.
O hospital particular que visa a lucro, compensando o emprego do capital com distribuição de dividendos é denominado LUCRATIVO.
A prestação de assistência a pacientes cujo estado clínico se tenha estabilizado é característica do HOSPITAL DE CRÔNICOS.
Quanto ao tempo de permanência do paciente, o hospital classifica-se em: LONGA PERMANÊNCIA onde o tempo em geral ultrapassa 60 dias, refere-se a hospitais de psiquiatria, tisiologia e a outros de características semelhantes, e CURTA PERMANÊNCIA cujo tempo médio em geral não ultrapassa 30 dias, podendo eventualmente atingir até 60 dias.
Em relação à capacidade de lotação temos:
HOSPITAL DE PEQUENO PORTE – capacidade normal ou de operação de até 49 leitos;
MÉDIO PORTE de 50 a 199 leitos;
GRANDE PORTE de 200 a 499 leitos e de PORTE ESPECIAL OU EXTRA igual ou superior a 500 leitos.
Sobre o sistema de edificação temos:
HOSPITAL PAVILHONAR cujos serviços estão distribuídos por edificações isoladas de pequeno porte que podem ou não estar interligadas;
MONOBLOCO a edificação é em único edifício;
MULTIBLOCO cujos serviços se acham distribuídos por edificações de médio ou grande porte que podem ou não estar interligados;
HORIZONTAL de um ou mais blocos estendendo-se predominantemente em superfície e VERTICAL que são edificações com vários pavimentos.
Ao procedimento do corpo clínico o hospital classifica-se em:
CORPO CLÍNICO FECHADO – funcionários efetivos, sendo o exercício de profissionais estranhos facultado apenas em caráter eventual e mediante permissão especial;
CORPO CLÍNICO ABERTO tendo ou não médicos efetivos, permite a outros médicos a internação e o cuidado de seus pacientes;
MISTO que é a junção dos dois acima citados.
A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR DOMICILIAR é a prestação de assistência sob a responsabilidade do hospital ao paciente no domicílio.
Ao conjunto de documentos destinados ao registro dos cuidados médicos e paramédico prestados ao paciente pelo hospital, desde sua matrícula até a alta dá-se o nome de PRONTUÁRIO MÉDICO. Já o PARECER MÉDICO é o laudo emitido por um médico, integrante ou não do corpo clínico do hospital, atendendo solicitação de um colega do corpo clínico, para fins de esclarecimento de diagnóstico e/ ou orientação terapêutica.
O FORMULÁRIO HOSPITALAR é uma coletânea selecionada e atualizada de fórmulas magistrais e oficiais e MEDICAMENTOS que são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos ou elaborados com a finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
DROGA é a substância ou matéria-prima que tenha finalidade medicamentosa ou sanitária.
O COBRELATO é a substância, produto, aparelho ou acessório não enquadrado nos conceitos anteriores, cujo uso ou aplicação esteja ligado à defesa e proteção da saúde individual ou coletiva, à higiene pessoal ou de ambientes ou de fins diagnósticos e analíticos, os cosméticos e perfumes e ainda os produtos dietéticos, óticos, de acústica médica, odontológicos e veterinários.
Conheça os tipos de tratamento:
TERAPIA OCUPACIONAL é o tratamento por meios que simulam ou se constituem em ocupação, seja a forma de atividades da vida diária ou da utilização da praxiterapia, da laborterapia, da recreação dirigida e das atividades esportivas.
A PRAXITERAPIA é a utilização do trabalho artesanal e das artes plásticas par a fins terapêuticos, já a LABORTERAPIA é a utilização de qualquer atividade laborativa para fins terapêuticos;
A RECREAÇÃO DIRIGIDA é o entretenimento sob a supervisão, com finalidade lúdica e cultural a pacientes em processo da reabilitação, e a LUDOTERAPIA é a modalidade de tratamento psicoterápico aplicada principalmente às crianças, mediante a utilização de brinquedos e jogos.
O HOSPITAL – DIA é uma modalidade de atendimento hospitalar, na qual o paciente utiliza com regularidade os serviços da instituição na maior parte do dia para fins de tratamento e / ou reabilitação e o HOSPITAL – NOITE é quando o paciente utiliza os serviços e o leito hospitalar apenas durante o período noturno, retirando-se durante o dia para o exercício de suas atividades.
2.2 ELEMENTOS, UNIDADES E EQUIPAMENTOS DO HOSPITAL
ELEMENTO DO HOSPITAL é a área ou dependência que entra na composição de uma unidade do hospital, que pode ser uma UNIDADE FÍSICA que é o conjunto de elementos físicos, funcionalmente agrupados, visando à execução de atividades afins, já a UNIDADE DE ADMINISTRAÇÃO é o conjunto de elementos onde se desenvolvem as atividades administrativas do hospital.
O SETOR DE INTERNAÇÃO E ALTA é o local destinado ao processamento da internação, da alta e da transferência de pacientes e à prestação de informação sobre o seu estado.
A UNIDADE DE INTERNAÇÃO é o conjunto de elementos destinado à acomodação do paciente internado e à prestação dos cuidados necessários ao seu atendimento.
O QUARTO HOSPITALAR é o compartimento da unidade de internação destinado a acomodar um ou dois pacientes; ENFERMARIA é destinada a acomodar três ou mais pacientes, o ISOLAMENTO é dotado de barreira contra contaminação e destinado a acomodar paciente portador de moléstia transmissível.
O LEITO HOSPITALAR é a cama destinada à internação de paciente no hospital.
O local destinado ao comando e controle técnico e administrativo das atividades desenvolvidas na unidade de internação denomina-se POSTO DE ENFERMAGEM.
A SALA DE SERVIÇO destina-se ao preparo, guarda e distribuição do material e medicamentos utilizados nos cuidados ao paciente.
A SALA DE EXPURGO destina-se à coleta e higienização do material utilizado.
A SALA DE CURATIVOS é a dependência destinada aos exames, curativos e outros procedimentos médicos.
A COPA é a dependência destinada à distribuição dos alimentos e ao preparo eventual de pequenas refeições.
No hospital há o DEPÓSITO DE ROUPA LIMPA, local destinado à guarda de roupa proveniente de lavanderia e o DEPÓSITO DE ROUPA SUJA destinado à guarda temporária da roupa servida.
O DEPÓSITO DE MATERIAL DE LIMPEZA é o local destinado à guarda de utensílios e material de limpeza.
ESTACIONAMENTO DE MACAS é o local destinado à guarda de macas e cadeiras de rodas.
O local destinado à guarda de peças de mobiliário, aparelhos, equipamentos e acessórios de uso eventual chama-se DEPÓSITO DE EQUIPAMENTO.
A UNIDADE DE BERÇÁRIO é o conjunto de dependências destinadas à internação do recém-nascido em condições que possibilitem o seu melhor cuidado, segurança e bem–estar. Além dos setores de atividades de enfermagem devem a unidade de berçário compreender três ambientes diferenciados para abrigar especificamente recém-nascidos normais, os prematuros quando em número de quatro ou mais e os suspeitos de serem portadores de moléstias transmissíveis, estes últimos totalmente independentes dos demais, nele também encontra-se o BERÇO DE MATERNIDADE que é a cama destinada a recém-nascido sadio, de parto ocorrido no hospital e a UNIDADE DE LACTÁRIO, conjunto de elementos destinados ao preparo da alimentação destinada aos lactentes no hospital.
A UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO é o conjunto de elementos destinados ao desenvolvimento de todas as atividades relacionadas à cirurgia, em condições ideais de segurança e conforto para o paciente e a equipe de trabalho, nesta unidade encontra-se a SALA DE OPERAÇÃO que é uma dependência da unidade do centro cirúrgico ou obstétrico destinado à realização de intervenções cirúrgicas em condições ideais de técnicas e de assepsia.
A ÁREA RESTRITA DO CENTRO CIRÚRGICO é a zona de maior rigor asséptico, privativo do pessoal com indumentária cirúrgica completa.
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA é o local da unidade de centro cirúrgico onde o paciente a ser operado é recebido e transferido de maca a fim de evitar contaminação, tendo a BARREIRA CONTRA A CONTAMINAÇÃO que é o bloqueio, geralmente por labirinto, tambor ou câmara de descontaminação, que deve existir nos locais de acesso a áreas onde seja exigida assepsia e somente permitido a entrada de pessoas com indumentária completa.
A SECRETARIA DO CENTRO CIRÚRGICO é a dependência destinada à chefia e à realização das atividades administrativas específicas, inclusive marcação e programação das cirurgias.
O CENTRO DE RECUPERAÇÃO é a área onde se concentram os pacientes egressos das salas de operação para receberem os cuidados pós-anestésicos e/ ou pós-operatórios imediatos. Deve fazer parte integrante da unidade de centro cirúrgico.
A área devidamente equipada, destinada às atividades relacionadas com limpeza, preparo, esterilização, guarda, controle e distribuição de todo o material médico-cirúrgico e de enfermagem, utilizados no hospital. Pode ou não integrar a unidade de centro cirúrgico é chamada de CENTRO DE MATERIAL ESTERILIZADO.
A UNIDADE DE CENTRO OBSTÉTRICO é o conjunto de elementos destinados ao desenvolvimento das atividades relacionadas com o parto, em condições ideais e conforto e segurança para a parturiente, o feto e a equipe de trabalho e o CONJUNTO OBSTÉTRICO é o que reúne no hospital, em área adjacente, o centro obstétrico, a unidade de internação obstétrica, o berçário e eventualmente o lactário.
Na unidade do Centro Obstétrico encontra-se a SALA DE PRÉ-PARTO que é destinada a acomodar a parturiente durante a fase inicial do trabalho de parto e a SALA DE PARTO onde acontece o atendimento do parto normal e do instrumental.
A UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO – OBSTÉTRICO é a que combina as atividades de cirurgia e obstetrícia, em uma única área, indicada em Hospitais gerais de pequeno e médio porte.
Ao conjunto de elementos que acomodam os serviços que contribuem para facilitar o diagnóstico e/ ou a recuperação da saúde do paciente dá-se o nome de UNIDADE DE SERVIÇOS COMPLEMENTARES DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO.
A UNIDADE DE RADIODIAGNÓSTICO concentra os equipamentos e realiza as atividades concernentes ao uso do Raio X, para fins diagnósticos.
A UNIDADE DE RADIOTERAPIA, destina-se ao emprego dos Raios "X" e radiações ionizantes, com fins terapêuticos.
Na UNIDADE DE MEDICINA NUCLEAR realizam-se as atividades relacionadas com a utilização das substâncias radioativas (radioisótopos), para fins de diagnóstico e tratamento.
A UNIDADE DE MEDICINA FÍSICA (REABILITAÇÃO) destina-se ao emprego de agentes físicos para fins de diagnóstico, tratamento e reabilitação através da eletroterapia, termoterapia, fototerapia, hidroterapia, massoterapia e mecanoterapia.
O SERVIÇO DE ANESTESIOLOGIA E GASOTERAPIA é aquele que utiliza substâncias líquidas e/ ou gasosas para fins de anestesia e tratamento e a SALA DE ANESTESIA é o local destinado à indução anestésica.
O LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA é o local onde são realizadas as análises clínicas necessárias ao diagnóstico e orientação terapêutica dos pacientes do hospital e para auxiliar existe a SALA DE COLHEITA que é a dependência destinada a colher e, eventualmente, receber material para exame.
O DEPÓSITO DE SANGUE destina-se exclusivamente ao armazenamento de sangue e derivados, em condições adequadas à preservação das características específicas de seus elementos.
SERVIÇO DE TRANSFUSÃO DE SANGUE ou BANCO DE SANGUE é o setor que procede ao recrutamento e à seleção de doadores e à colheita, à guarda, ao controle, à distribuição e à aplicação do sangue. Sangue este que deve passar pelo LABORATÓRIO DE HEMOTERAPIA que também realiza atividades semi-industriais de preparo do sangue e seus derivados.
O LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA destina-se à realização de necropsias e de exames macro e microscópios dos tecidos.
NECROTÉRIO ou MORGUE é o local destinado à guarda e conserva do cadáver até remoção ou a realização da necropsia e VELÓRIO, o local destinado à permanência do cadáver para ser velado pela família.
A CAPELA é o local destinado à realização de atos ou ofícios religiosos.
O DEPÓSITO DE DROGAS ou UNIDADES DE DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS é o local destinado à recepção, à guarda, ao controle e à distribuição de medicamentos industrializados para uso dos pacientes.
No hospital há dois tipos de farmácia, a HOSPITALAR que é a destinada à manipulação de fórmulas magistrais e oficiais e à recepção, guarda, controle e distribuição de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos para uso do hospital e seus pacientes, e a SEMI – INDUSTRIAL, que além das atividades próprias da hospitalar, produz medicamentos em grande escala para uso do hospital e de seus pacientes e/ ou para fornecer a outros hospitais.
A UNIDADE DE DOCUMENTAÇÃO MÉDICA destina-se à guarda, movimentação e ao controle de prontuários médicos e às atividades de estatística médico-hospitalar, podendo ainda, quando couber, elaborar e fornecer material audiovisual e outros recursos de reprografia, e nesta unidade encontra-se o ARQUIVO MÉDICO local onde são guardados os prontuários.
O ALMOXARIFADO destina-se à recepção, guarda, controle e distribuição de recursos materiais necessários ao funcionamento do hospital.
A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA – UTI ou CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA – CTI é o conjunto de dependências destinadas ao tratamento dos pacientes em estado grave, onde se concentram o pessoal mais qualificado e os equipamentos mais diferenciados do hospital.
O AMBULATÓRIO OU UNIDADE DE PACIENTE EXTERNOS é uma unidade integrante do hospital ou isolada que se destina ao diagnóstico e ou tratamento do paciente não internado, e o CONSULTÓRIO é a dependência destinada a anamnese do paciente, exame físico e prescrição.
Quanto à prestação de serviço o hospital classifica-se em:
SERVIÇO DE EMERGÊNCIA, que se destina ao atendimento imediato do paciente externo que esteja em grave sofrimento, risco ou perda de função ou de vida;
DE ASSISTÊNCIA HOSPITALAR DOMICILIAR que é o componente da unidade de Paciente Externo onde se promovem as medidas necessárias à prestação da assistência hospitalar domiciliar;
DE SAÚDE PÚBLICA OU COMUNITÁRIA que desenvolve as atividades educativas e profiláticas destinadas a conscientizar a comunidade, pelo hospital, e dar cobertura de saúde.
A SALA DE PEQUENA CIRURGIA é uma dependência, geralmente localizada na unidade de paciente externos (ambulatório ou emergência) destinada à realização de pequenas intervenções cirúrgicas que, na maioria dos casos, possam ser realizadas sob anestesia local e permitam ao paciente ao paciente retirar-se em seguida.
2.3 HISTÓRIA HOSPITALAR
A Historia do Hospital começa a ser contada a partir de Cristo , pois recebendo influência direta do Filho de Deus, através da Religião, o Homem passou a se preocupar com o seu semelhante. Até então predomina o espírito egoístico do ser Humanos de se afastar dos deficientes e enfermos, resguardando-se e não socorrendo o próximo.
Na filosofia cristã de "Amar ao próximo como a ti mesmo", surgiu em Roma, Itália, a primeira Entidade Assistêncial, bem diferente das anteriores que se preocupavam simplesmente em confinar os doentes para se evitar o risco de contágio aos que julgavam com saúde ou sem enfermidades aparentes.
Por volta do ano 360 da Era Cristã foi erigido o primeiro Hospital que se tem conhecimento, graças a determinação da Ilustre Dama FABÍOLA e com este se inicia a "Era dos Hospitais", na época, com atividades básicas de restaurar saúde e prestar a assistência, simplesmente concluindo diagnósticos e efetuando tratamentos limitados pelos padrões e condições daquela época.
Realmente Jesus Cristo influenciou toda a história do Homem. Condicionou o comportamento humano, deu-lhe outra ótica, demonstrou-lhe e o induziu a novos valores e com isso dividiu a cronologia da História do Homem definindo dois períodos: antes D’ELE (AC) e depois D’ELE (DC) ou Era Cristã.
O Hospital por ser parte da vida do Homem não poderia ficar indiferente à essa influência, e assim, a partir da filosofia D’ELE, se transformou de simples abrigo a albergue de viajores e de peregrinos que circulavam de povoado em povoado, para assumir uma finalidade maior, ou seja, abrigar enfermos.
Nos primórdios, os enfermos eram levados a esses locais para o isolamento compulsório em virtude do aparecimento de moléstias repugnantes e doenças deformantes que atemorizavam a todos.
O Evangelho é rico em evidências desses fatos.
2.3.1 O hospital na Idade Média (séc. V ao XV).
Embora as experiências do Império Bizantino e do Islamismo tenham sido essenciais para o início do processo de amadurecimento da tipologia pavilhonar, no ocidente esta morfologia será ainda preferida.
A antiga forma das valetudinárias romanas e enfermarias monásticas será uma vez mais revista e reinterpretada. Entretanto, o aparecimento das Ordens hospitalares no fim do séc. X, terá um papel decisivo para o futuro do saber médico e assistencial. É provavelmente pela ação, experiência e ensino destas Ordens que as formas de tratamento e a própria arquitetura hospitalar irão evoluir a partir do século XII até o Renascimento.
Este período foi marcado pelo surgimento das Ordens religiosas hospitalinas da Igreja Católica, o fenômeno das Cruzadas e a fundação de hospitais por parte de órgãos governamentais.
A morfologia básica do hospital medieval é a nave, forma polivalente que reflete o avanço das tecnologias estruturais. Os vão tornam-se cada vez maiores e as condições de iluminação e ventilação dos edifícios melhoram muito.
Progressivamente, graças às experiências dos Leprosários, dois fatores novos foram sendo incorporados ao planejamento hospitalar: separação entre as funções de alojamento e logística, e separação dos pacientes por patologias e sexo.
As formas de abastecimento de água passam a ser melhor estudadas pois sua importância como fator de melhoria das condições de higiene fica cada vez mais clara.
Enquanto muitos hospitais da Idade Média eram construídos junto aos mosteiros ou fundados por ordens religiosas hospitaleiras, em algumas cidades, particularmente na Inglaterra, começaram a surgir hospitais municipais.
O comércio com o exterior incrementou esse tipo de iniciativa Algumas construções dessa época foram erigidas com muita pompa e os materiais utilizados eram os melhores disponíveis. A maioria dos hospitais tinha um único pavimento e o formato de cruz.
A ventilação era muito precária, pois as janelas, embora até muito decoradas, eram pequenas. A circulação do ar era feita, basicamente por uma abertura no teto.
O que marcava, porém, os hospitais da Idade Média, eram seu caráter profundamente religioso. É dando aos pobres e doentes os meios para que possam curar sua alma, que o fundador rico pretendia salvar a própria.
Assim, a internação num hospital não era feita por solicitação médica e sim por recomendação de um confessor. Na grande maioria dos Estatutos Sociais das entidades mantenedoras dos hospitais, recomendava-se que se pusessem este aviso, na entrada do hospital: "Nenhum doente pode ser recebido sem antes se ter confessado".
Os doentes e hóspedes eram cuidados e alimentados por religiosos e religiosas que emitiam os três votos de pobreza, obediência e castidade. O caráter religioso do estabelecimento hospitalar é ainda reforçado pelo próprio título dos Estatutos Sociais: "lugar religioso".
O hospital é arrolado no patrimônio eclesiástico como as igrejas e os colégios, sendo sempre inalienável. Sob a tutela administrativa e religiosa do bispo, o hospital tinha sua atividade administrativa ordinária levada a efeito por um reitor nomeado por ele ou eleita pela assembléia dos religiosos.
No fim da Idade Média, os hospitais começaram a passar do poder eclesiástico para a autoridade municipal e, mais tarde, nacional. Surgiram também na Idade Média, os Lazaretos para a quarentena, mercê das grandes epidemias por que foi assolada.
2.3.2 Os hospitais na Renascença (séc. XV e XVI)
Foi o período da liberalização e da universalização da assistência hospitalar. O hospital foi sendo considerado como um bem comunitário indispensável e um serviço público por excelência.
O hospital foi tido até o século XX, como o estabelecimento básico e primordial para a recuperação da saúde. A municipalização da assistência hospitalar, que foi muito incrementada nesse período, em substituição em grande parte, à "assistência monástica", não inibiu o surgimento de instituições religiosas que contribuíram decisivamente para a transformação do hospital num atendimento de desempenho profissional, técnico, educacional e, sobretudo, assistência! muito acentuado.
Foi na Espanha que teve início, nesse período, com muita expressão, a arquitetura hospitalar. Foram concebidos, sobretudo, três modelos que se perpetuaram e ainda hoje se encontram em bom estado de conservação.
O primeiro era do tipo basílica! e consistia num grande edifício de pedra, extensos corredores abobadados, janelas estreitas, tudo circundado por uma galeria e, no fundo, uma capela.
O segundo, era do tipo cruciforme. Consistia em duas grandes coxias, de igual tamanho, formando uma cruz grega, com dois pavimentes. No encontro dos braços havia um cruzeiro com o pé direito correspondente a dois pisos, coroado por um grande lampião.
Os braços da cruz formavam quatro pátios cujos perímetros se encerravam com coxias nas quais estavam os serviços. A capela era colocada no final do braço da cruz e os pacientes podiam, das próprias camas ou acostando-se à balaustra, assistir aos ofícios religiosos.
O terceiro, do tipo palaciano. Consistia num complexo quadrado ou retangular, cujo centro era formado por um ou dois pátios, tendo no fundo uma capela.
2.3.3 São Camilo de Lellis
São Camilo revolucionou a assistência hospitalar, Nascido em Bucchianieo, na Itália, em 1550, manteve contato com hospitais em diversas oportunidades.
Aos 25 anos ocupou a função de coordenador da assistência do Hospital São Tiago, em Roma Percebendo que os doentes eram tratadas como objetos e não como pessoas, modificou radicalmente o hospital, conseguindo com que as pessoas internadas fossem colocadas no centro das atenções da instituição.
Tudo deveria ser direcionado à assistência aos pacientes. Notou que as pessoas que trabalhavam no hospital eram mercenários ou criminosos. Não havia nenhum tipo de seleção, formação e apreciação do desempenho do pessoal.
Tomou, então duas providências, consideradas indispensáveis, daí para frente para todos os hospitais. Dispensou os que não se enquadravam nas condições mínimas de prestarem uma boa assistência, e selecionou um grupo específico a quem deu informação técnica mais aprimorada, para que a assistência dispensada fosse a mais qualificada possível. Ditou as normas que deveriam ser colocadas em prática por quem presta assistência direta aos pacientes.
Foi o precursor de tudo o que é feito, hoje, pela enfermagem, a pastoral da saúde e a atividade dos profissionais médicos.
2.3.4 As Misericórdias
Foi um movimento que iniciou na Idade Média e teve grande desenvolvimento na assistência hospitalar.
Um dos motivos que ensejou o surgimento das Misericórdias foi o aparecimento de pestes. Funcionava como uma espécie de fundação, com uma diversidade de atividades, como a coleta de sangue para os hospitais, o transporte de doentes, a distribuição de alimentos aos pobres etc.
2.3.5 Os hospitais na Idade Contemporânea
Do século XVI até os dias de hoje, os hospitais sofreram profundas e constantes mudanças, tanto na sua composição arquitetônica, quanto, e, principalmente, na prestação de serviços.
A construção hospitalar teve seu grande desenvolvimento a partir do incêndio do Hotel Dieu, de Paris, em 1722.
A Academia de Ciências de Paris foi encarregada de elaborar o programa de reconstrução do hospital. As conclusões a que chegaram os membros da academia serviram de orientação para quase todas as construções hospitalares, por mais de um século. Uma característica foi os hospitais pavilhonados.
Em 1925, a Enciclopédia Universal Ilustrada, fixou as seguintes condições para a construção de hospitais:
O hospital deve situar-se fora das cidades, em terreno seco e salubre.
A área média deve ser de 100 a 150 m2 por leito.
O pavilhão deve levar em conta a direção dos ventos.
Cada enfermaria deve ter no máximo, 20 doentes de cirurgia e 30 de clinica médica.
De 1925 para cá os hospitais sofreram mais alterações, sobretudo no que concerne ao número de pisos. Essa inovação teve início nos Estados Unidos, onde foram construídos edifícios hospitalares de até vinte e dois pavimentes.
No início do século XX formaram-se os primeiros sistemas de saúde, destinados a dar cobertura completa à saúde de uma determinada comunidade. As instituições de saúde foram hierarquizadas de acordo com sua complexidade e a entrada no sistema foi fixada para ser feita sempre pela unidade mais simples e mais próxima ao domicílio da pessoa A Organização Mundial da Saúde, criada em 1948, através de comissões específicas, disciplina e orienta toda a atividade hospitalar.
Em 1957 definiu assim o hospital:
"O hospital é parte integrante de um sistema coordenada de saúde cuja função é dispensar à comunidade completa assistência à saúde, tanto curativa quanto preventiva, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um centro de informação para os que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais".
As atividades de enfermagem colaboraram também expressivamente para a alteração e o aperfeiçoamento da assistência prestada pelo hospital.
2.3.6 Hospitais Do Brasil
Os hospitais no Brasil surgiram logo apôs sua descoberta pelos portugueses e seguram a filosofia e a forma de assistências típicas das Santas Casas de Misericórdia de Portugal.
A primeira Santa Casa de Misericórdia foi fundada em Santos, no Estado de São Paulo por Braz Cubas. A Santa Casa de Santos foi também o 2° hospital das Américas.
A Segunda Irmandade da Santa Casa de Misericórdia foi na Bahia, fundada por Tomé de Souza, em 1549. Mais tarde surgiu a Santa Casa de Misericórdia de Salvador, com o nome de Hospital Santa Isabel. Por volta de 1606 foi fundada a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por iniciativa de vereadores.
Foi a partir do século XVIII que começaram a surgir, no Brasil, as Reais e Beneméritas Sociedades Portuguesas de Beneficência, por iniciativa da colônia portuguesa e se espalharam por todo o país, sob a forma de entidades filantrópicas.
Os imigrantes de outras nações fundaram também seus hospitais. Surgiram, assim os hospitais italianos, japoneses, alemães, sírios, israelitas, espanhóis e ingleses.
Hoje são hospitais gerais filantrópicos que atendem a todas as pessoas da comunidade.
No início do século XX surgiram os hospitais lucrativos, de propriedade de médicos.
A partir de 1960 começaram a surgir os hospitais próprios da medicina de grupos, envolvendo tanto os grupos médicos quanto as cooperativas médicas.
A assistência hospitalar no Brasil afetou sempre profundamente os hospitais, tanto na sua expansão, quanto e, principalmente, no seu desempenho e manutenção. Essa atividade pode ser dividida em três períodos bem delimitados: Até 1930, a assistência hospitalar era prestada às pessoas em geral sem que ninguém pudesse exigi-la por direito, a não ser que pagasse.
A partir da década de 1930, com o advento dos institutos de previdência, parcela muito expressiva da população passou a gozar do direito da assistência, sem que, para isto, tivesse que pagar.
Em 1988 com a reforma da Constituição Federal e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), toda a população brasileira passou a ter direito à assistência hospitalar, sem nenhum tipo de diferença.
2.3.7 Tendências para o Hospital do Futuro
Determinar com certeza como será o hospital do futuro é algo difícil, mas os seguintes pontos são fundamentais para a melhoria dos serviços de saúde, deve-se lembrar, contudo que estes são os únicos, são eles: A Ética.
Não se pode imaginar um hospital do futuro no qual não se pratique a ética, Qualquer empresa em busca da excelência de sete serviços e objetivando o seu procedo a contínuo e duradouro deve-se ater basicamente a dois princípios: A preocupação contínua com o bem-estar das pessoas (clientes e funcionários), A busca incansável da qualidade.
Não existe, portanto ética sem qualidade ou qualidade sem ética São sinônimos que se complementam, se integram e até se confundem. Esses dados são fundamentais para a melhoria do atendimento hospitalar.
2.3.8 Qualidade
O futuro de um hospital precisa imperiosamente de qualidade, pois os seus pacientes exigem isto.
A estrutura e a organização de um hospital permitem a garantia da qualidade. Quanto melhores forem: a planta física, os equipamentos, a organização, as rotinas previamente estabelecidas, os manuais e regulamentos das atividades médicas, da enfermagem e pessoal administrativo, pressupõem-se que está ocorrendo melhoria da qualidade na assistência do serviço prestado.
Devemos aos japoneses as muitas ferramentas e métodos que podem hoje ser utilizado, inclusive numa organização do serviço de saúde, pata diminuir a diferença entre as necessidades do paciente e os desempenhos nos vários processos que acontecem num hospital.
As ferramentas que o mais simples colaborador de um hospital deve conhecer, para poder ajudar na melhoria da qualidade de serviços de saúde, são as seguintes: fluxograma, histograma, diagrama de Pareto, diagrama de causa e efeito, diagrama de dispersão, diagrama de tendência ou de corrida, gráfico de controle.
Já em 1972, Shigero Mizuno concluiu que havia "uma nova era para a qualidade" a fim de os hospitais se mantivessem competitivos. Segundo de, os hospitais precisavam: incorporar inovações aos serviços de tal forma que oferecessem valor adicional ou agregado ao paciente, indo além do simples atendimento de suas necessidades (fornecer qualidade atrativa).
Desenvolver a capacidade de realizar negócios dentro de restrições variadas tais como, a responsabilidade civil pelos danos causados por serviços, o problema de custo, a pressão da sociedade exigindo cada vez mais dos hospitais zero erro, zero falha.
2.3.9 Trabalhe em equipe
Se todos trabalham na mesma direção e sentido, teremos possibilidades muito maior de alcançar o sucesso.
Quem estruturar, num hospital, o verdadeiro trabalho em equipe poderá:
alcançar metas inatingíveis individualmente;
aproveitar melhor todas as suas habilidades;
tomar melhores decisões;
ter maior satisfação com o seu trabalho.
Para trabalhar juntos em equipe, principalmente num hospital, temos de tomar cuidado para evitar o desenvolvimento de situação tipo: "ganha/perde". Elas ocorrem quando integrantes de uma equipe de trabalho possuem pontos de vista diferentes e resolvem que, em vez de tento chegar a um acordo, devem discutir acirradamente, para que a vontade de cada um prevaleça a todo custa Se dedicamos tempo para considera os pontos de vista um do outro, poderiam ter achado una solução com a qual ambos ficassem satisfeitos- uma situação ganha/ganha.
2.3.10 A gerência da tecnologia ao serviço de saúde
Cada vez mais os hospitais estão voltados para a tecnologia como veículo que lhe permitirá melhor atingir o principal dos seus objetivos: curar um doente.
A gerência de um hospital deve estar sempre atenta as novidades dos equipamentos hospitalares, para que possa fornecer o serviço adequado nas varias unidades de saúde.
As tecnologias voltadas para o serviço de saúde podem ser classificadas em quatro grandes categorias:
Tecnologia para o diagnóstico: usadas para a medicação e para os testes.
Tecnologia terapêutica: são utilizadas diretamente para tratar os pacientes.
Tecnologia de sistemas de informação: referem-se àquelas tecnologias que auxiliam a coleta, o armazenamento e a análise de dados para que possa, dessa maneira compor a informação.
Tecnologia de múltiplas finalidades: representam a combinação de duas ou de todas as outras tecnologias. Ex. um monitor cardíaco e uma bomba de infusão acoplada com um computador.
Por meio de programação adequada, o diagnostico é obtido a partir do monitor cardíaco e o programa seleciona automaticamente o curso do tratamento a ser aplicado ao paciente.
Os processos de um hospital não podem ser melhorados antes que sejam compreendidos.
Para implantar uma gerência de qualidade, e melhorar os serviços hospitalares, é necessário adaptação e inovação que permita, inclusive, vencer a crise e a burocracia existente principalmente no Brasil. Chegaremos a grandes avanços quando conseguirmos mudar a nossa cultura, e a medicina preventiva for um fato.
2.4 ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR – INSTRUMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO
A administração hospitalar não é apenas um procedimento técnico; ele tem implicações sociais e políticas. Ela deve agir em consonância com a tecnologia disponível, também com os costumes e tradições do meio ambiente, não esquecendo os aspectos relacionados com a força de trabalho.
A administração hospitalar só será eficaz na medida em que seus responsáveis forem treinados para estes aspectos. Caberia, se houvesse tempo, uma consideração sobre a situação em que se encontra o país a formação dos Administradores Hospitalares.
A administração deve entender que Hospital envolve também aspectos legais e éticos , como os decorrentes do direito de todos a saúde e à correspondente educação, e os relacionados à vida, e a seu prolongamento por meios artificiais e a eutanásia. Isto exige dos responsáveis pela administração hospitalar um adequado respeito pela vida e pela dignidade da pessoa, e um perfeito conhecimento das necessidades espirituais do enfermo, de seus familiares e da sociedade como tal.
Aspectos éticos estão envolvidos também na própria política de adoção e uso da tecnologia médica que, em muitos casos, representa grandes investimentos que acabam beneficiando a uma clientela cada dia menor.
Hoje o hospital não pode mais estar divorciado dos cuidados primários de saúde e este, por sua vez, não podem estar isolados, mas devem integrar um sistema de saúde mais amplo, no qual o hospital sirva de retaguarda ou de unidade complementar e não rival ou competitiva.
A comunidade deve participar ativamente na busca das soluções para seus problemas e deve ter sua consciência despertada para a responsabilidade, que é sua, de preservar e manter a saúde. Esta integração hospital-comunidade sempre terá resultado positivo em ações voltadas à nutrição, à produção de alimentos, à habitação, ao tratamento de água, ao desenvolvimento comunitário e à proteção do meio-ambiente. Tem por objetivo tornar possível a proteção, a promoção e a manutenção da saúde, bem como a prevenção da doença, ampliando a tradicional função do hospital.
Isto mostra, mais uma vez, que a problemática da saúde não está isolada dos fatores de ordem econômica, política e social.
A saúde do homem é um dos pré-requisitos mais importante para o desenvolvimento social e econômico, alem de ser o primeiro objetivo deste mesmo desenvolvimento.
O hospital é um componente importante do sistema sócio-econômico, não pode ser visto como simples reunião de facilidades médicas.
Face a isto, qual é a função do Administrador Hospitalar?
Aqui está uma resposta mais coerente a todos eles, que abaixo citaremos:
É o primeiro executivo da instituição;
À sua autoridade e responsabilidade estão subordinados todos os departamentos do Hospital;
O próprio Corpo Clinico, que tende a se autogovernar em suas atividades, depende do Administrador (em coordenação com ele) para a implementação de suas decisões e necessidades;
É o responsável pela administração de todas as atividades do hospital;
É o representante do Hospital perante a comunidade e participa (em elevado nível) das atividades de saúde comunitária, como planejamento e estrutura e regulamentação das organizações de saúde;
É o representante do Hospital perante as autoridades (local, estadual e federal);
Ele pe um líder de saúde e um homem de estado (político) da saúde.
Por isso tudo, já não basta que ele seja um bom administrador institucional. E só será na medida que ele tiver o preparo exigido, pelas seguintes razões:
O Administrador trata com profissionais qualificados inclusive a nível de Mestrado e Doutorado (Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas, etc.);
A complexidade da Administração Hospitalar (complexa e desafiante) exige conhecimento para a tomada de decisões em áreas cada dia mais técnicas (computação e eletrônica), em ciências políticas, em economia, em finanças e teorias organizacionais, incluindo comunicação e relacionamento humano.
E isto tudo considerado em nível local, nacional e internacional.
Disto surge o grande desafio do desenvolvimento gerencial do Administrador Hospitalar.
Do Administrador Hospitalar se espera e se exige que conduza a organização para os resultados previstos, teme decisões assumindo os riscos e conduza as pessoas para o exercício eficiente e eficaz da própria função. Evidentemente, pressupõe que o administrador admita a possibilidade da sua "profissionalização gerencial". Ele deve acreditar no seu desenvolvimento e buscá-lo, de vês que ele é adquirido e não congênito.
2.4.1 Deveres e Funções do Administrador Hospitalar
A efetiva e eficiente administração dos hospitais e serviços de saúde é requisito e condição para sua própria existência. Significa dizer que a formação do Administrador Hospitalar é tarefa prioritária no processo de desenvolvimento do sistema nacional de saúde e de atendimento efetivo à população brasileira. Conseqüentemente decorrem disto alguns deveres a que ele não pode se furtar.
O administrador hospitalar necessita de muitas informações diretamente relacionadas com o exercício de suas funções, para que seja cumprida a sua responsabilidade.
Ele precisa conhecer tudo o que pode a respeito de suas posições a fim de poder oferecer o necessário apoio à causa da administração e garantir efetivo atendimento aos beneficiários dos serviços de saúde que dirige.
Isto já nos permite afirmar que do Administrador Hospitalar se exige como primeira condição, uma adequada formação e o conhecimento específico de sua função.
Em segundo lugar, ele deve responder pela qualidade dos serviços e cuidados prestados pelo hospital, não podendo delegar esta responsabilidade a quem quer que seja.
Em terceiro lugar, cabe-lhe a responsabilidade pela formação e composição do Corpo Clínico e pela definição dos critérios para a admissão de novos membros.
A quarta exigência feita ao Administrador é que ele tenha uma adequada visão da função do hospital, que inclui: a manutenção da saúde, a prevenção da doença e as atividades de saúde pública, a educação profissional e a pesquisa.
A definição clara da estrutura orgânica do hospital é a quinta exigência feita ao Administrador. As linhas de autoridade e subordinação devem estar perfeitamente definidas, bem como a divisão em departamentos, serviços, setores, etc.
Como sexta exigência, o Administrador Hospitalar deve se preocupar com as novas correntes e tendências da área da saúde, como estas: a crescente importância da medicina preventiva: a valorização da saúde pública; a prioridade do tratamento ambulatorial; a redução da média de permanência nos hospitais; o aumento dos crônicos, etc., com o objetivo de adequar o hospital à nova demanda e situação.
A sétima exigência do Administrador é a do planejamento do hospital para adequá-lo às funções. Planejamento não só com relação à planta física e a construção, mas também com relação à projeção das exigências dos serviços e das necessidades financeiras e à estratégia a ser adotada.
A oitava exigência é o conhecimento dos seus poderes e responsabilidades perante a lei.
Como nona exigência, o Administrador deve querer saber como desempenhar melhor sua função e, para isto, deve interessar-se por um processo de educação continuada a ser iniciada imediatamente.
Cumpridos estes deveres e funções o Administrador Hospitalar se destingirá por uma série de características peculiares.
2.4.2 A Função Administrativa
Depois de estabelecer que os programas de Saúde Ocupacional exigem uma sólida administração e assumir a posição de que o médico deva ser o administrador ideal, creio ser importante uma análise mais detalhada do papel do administrador.
3Drucker identifica cinco operações básicas ao trabalho do administrador, não se importando com sua função, atividade, título ou posição. Este trabalho é comum a todos os administradores, constituindo suas atribuições:
1. Estabelecer objetivos, metas, planos e estra tégias para se atingir objetivos e comunicá-los àqueles cuja participação ê necessária para alcance dos me seios.
2. Organizar tarefas através da analise dos ele inentos do trabalho a ser executado, dividindo-as era atividades e serviços administrativos, e suprindo—as das estruturas necessárias para o seu cumpriraento.
3. Motivar e comunicar por meio de uma equipe , desconsiderando-se a responsabilidade individual para várias tarefas, por meio de suas próprias práticas de trabalho, pelo relacionamento interpessoal & pela habilidade de ccaminica cão coro os membros da equipe; cultivar a lealdade e o respeito entre a equipe.

4, Avaliar ou medir, por meio de análises, avaliações e interpretações de desempenho e os padrões es tabele cidos que se relacionam cosa o desempenho da organização como uro todo, mas, ao mesmo tempo, observar o trabalho do Indivíduo, comunicando aos subordinados superiores e colegas os ré sultados das medições e seu significado.
5. Propiciar desenvolvimento ao pessoal/ incluindo a si mesmo.
Administrar tem sido definido como o projeto de criação e manutenção de ure ambiente interno em uma erapresaon de indivíduos trabalham juntos, em grupos, podendo encaminhar-se eficientemente era direção aos objetivos do grupo. Um administrador ê aquele que faz com que as coisas sejam fei tas por intermédio do trabalho coss pessoas e de outros recur sós, para atingir um objetivo, tfcn administrador coordena as atividades dos outros, sem necessariamente executS-las pé s só almente. O processo administrativo pode ser dividido em fun çõess
planejamento,
organização ,
estruturação da equipe,
direção ,
controle (que envolve a avaliação e a correção de desvios do plano) .
E o médico diretor um administrador? -faz uma distinção entre um Especialista* e um "administra dor". Um administrador divide a responsabilidade pelo dês em penho da empresa, enquanto o especialista dá prioridade às atividades técnicas ou profissionais. Usando esses conceitos, o médico do trabalho ou o médico diretor, é um administrador. Embora seja um profissional, ele usa ae sua habilidades técnicas para atingir as metas de aaude da companhia , traduzindo os objetivos e necessidades da ei&preaa para a lin guagem da especialidade profissional, e o desempenho do papel técnico para a linguagem ao usuário visado, ou seja, a organização. Se o médico não administrar/ mas sojaente assumir o papel de especialista, necessitar-se-á de tua administrador para planejar, organizar, integrar e avaliar programas.
Se o médico do trabalho se refugiar nos conhecimentos técnicos e ignorar o desafio empresarial, administradores leigos irão cada vez jaais controlar o destino de programas de Saúde Ocupacional. Isso não constitui uma surpresa. A administração de uma empresa deve estar segura de que suas necessidades em saúde ocupacional sejam endereçadas e atingidas por programas eficientes e bera dirigidos. Wa falta de ujb médico interessado e capaz de comandar esse esforço, deve-se colocar outros recursos e» ação.
Destaca-se a hierarquia administrativa: a ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR órgão do governo geral da instituição ou entidade proprietária do hospital, que estabelece a sua política assistencial, de ensino e de pesquisa, fixa seus objetivos, provê recursos financeiros, humanos e materiais, e administra os fundos da sua manutenção.
Este órgão tem recebido designação diversificada como Mesa Administrativa, Conselho de Administração, Diretoria, Conselho Diretor; DIREÇÃO EXECUTIVO órgão ou pessoa que executa a política traçada pela Administração Superior, dirigindo, coordenando e controlando recursos humanos e materiais que assegurem eficiente assistência aos pacientes e bons desempenhos administrativos e DIREÇÃO DOS SERVIÇOS MÉDICOS órgão abaixo do qual se coloca a chefia geral dos serviços médico-assistenciais do hospital.
Ao titular desse órgão, indicado pela Direção Executiva e nomeado pela Administração Superior, tem sido conferida a designação de Chefe dos Serviços ou Diretor Clínico.
Como instrumentos administrativos o hospital possui:
ESTATUTO instrumento lega, ato normativo não flexível, que determina a organização de uma instituição, é registrado em cartório;
REGULAMENTO ato normativo de caráter estável, define a finalidade e nível de atendimento da instituição, define a divisão dos serviços, contém a política básica da Administração;
REGIMENTO ato normativo aprovado pela Direção Executiva, flexível, dispõe sobre objetivos, estrutura orgânica, atribuições, normas técnicas do funcionamento dos serviços;
MANUAL normas que determinam o que deve ser feito e como deve ser feito, orienta o trabalho e funcionamento da unidade;
ROTINA é a descrição sistemática do trabalho a ser desenvolvido por cada funcionário.
PROCEDIMENTO é a ação de corrente de uma decisão, descrição como o trabalho será feito.
Existem também outros instrumentos que fazem parte do dia-a-dia administrativo como:
RESOLUÇÃO ato decisório baixado pela Administração Superior; PORTARIA ato decisório de uma autoridade executiva, utilizada somente para movimentação de pessoal;
ORDEM DE SERVIÇO ato decisório de autoridade executiva destinada exclusivamente a estabelecer a vigência de instrumentos normativos;
DETERMINAÇÃO DE SERVIÇO ato decisório de autoridade executiva dispondo sobre a distribuição de tarefas ou lotação de pessoal no âmbito interno do órgão;
FUNÇÃO é uma ou um conjunto de atribuições conferidas a um profissional ou servidor para execução de uma ou mais atividades;
ATIVIDADE é um conjunto de meios e processos homogêneos que materializam uma função;
PROCESSO é o método de execução de uma função.
Exprime os atos ou operações praticadas através de meios e mediante os quais a função se realiza ou o objetivo é alcançado:
ROTEIRO descrição sistemática das atribuições de cada executor na sua função ou funções, na seqüência que devem ser executadas, em determinado período;
TÉCNICA conjunto de processos necessários à execução atos peculiares a determinada tarefa;
NORMAS DE SERVIÇO instrumento normativo, que orienta, com pormenores os executantes no cumprimento de uma tarefa;
ORGANOGRAMA representação gráfica da estrutura administrativa, indicando a hierarquia funcional e as linhas de subordinação;
MATRÍCULA ou REGISTRO é a inscrição de um paciente no hospital para consulta ou internação.
2.5 CLIENTELA
A clientela classifica-se em:
PACIENTE DO HOSPITAL toda pessoa que utiliza os serviços do hospital, tanto em regime de internação como de atendimento externo;
PACIENTE EXTERNO é o que utiliza os serviços do hospital, sem ocupar regularmente em leito hospitalar, o INTERNO ou INTERNADO é o que, admitido no hospital, passa a ocupar regularmente um leito;
PACIENTE NOVO é o que procura o hospital pela primeira vez e para o qual deve ser feito à matrícula o ANTIGO é o que já foi atendido anteriormente, quer como paciente interno ou externo, devendo, portanto, obrigatoriamente estar matriculado e ter prontuário médico;
PACIENTE CONTRIBUINTE é o que retribui, com pagamento total ou parcial direta ou indiretamente pela assistência recebida;
NÃO-CONTRIBUINTE é o que não retribui com qualquer pagamento pela assistência recebida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei seu Blog, foi extremamente útil!
Sou estudante de Gerência em Saúde, e buscava a história dos Hospitais, particularmente os Muçulmanos, somente aqui encontrei textos compreensíveis, Parabéns!

julia.paulino@terra.com.br

Anônimo disse...

Amei seu blog, me ajudou muito, principalmente porque não havia encontrado terminologia sobre área básica de saúde e algumas de administração.
Obrigada!
Edilene Freitas - ETE (estudante Técnico de enfermagem)

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