06/04/2015

Visão Holística: o todo e as partes

O ser humano é um ser indivisível, ou seja, não pode ser entendido por meio de uma análise separada de suas diferentes partes. Esse é o princípio básico da abordagem holística, que pode ser considerada como uma forma de perceber a realidade, um modo de pensar.A visão holística deriva da palavra grega “holos”que significa “todo”, “inteiro”, “completo”. Ela está implícita em várias concepções filosóficas ao longo de toda a evolução do pensamento humano. Os orientais, por exemplo, utilizam o modelo holístico para explicar a causalidade dos eventos, eles examinam os dois lados da situação (raciocínio dialético), ao contrário dos ocidentais que utilizam a lógica formal (raciocínio analítico) para compreender os fenômenos.
Essa forma de ver o mundo tem sido considerada por diversas áreas do conhecimento (como a física, medicina, ecologia, psicologia e administração) e vem quebrando muitos paradigmas, principalmente os relacionados à visão mecanicista, analítica e impessoal. No campo do desenvolvimento humano, a abordagem holística consiste em liberar e direcionar as energias nos quatro diferentes níveis do ser humano (os de ordem física, mental, emocional e espiritual).         O importante é que o ser humano se desenvolva e tenha equilíbrio em todos esses níveis. É perceptível a interdependência entre eles. Quando uma pessoa está fisicamente bem, sente-se melhor consigo mesmo e tem mais disposição, conseqüentemente acumula mais energia e vitalidade para outras atividades da sua vida, como o trabalho. Nessa mesma linha, quando uma pessoa está em equilíbrio emocional, em geral, ela apresenta motivação, entusiasmo, excitação, sensações de alegria e prazer. A autora Fela Moscovici em seu livro Renascença Organizacional (2000) apresenta uma série de atividades e recursos que podem auxiliar a desenvolver e liberar as energias. No nível físico é comum a prática de exercícios como a dança, respiração, alongamentos e relaxamentos. Poesia e músicas são ótimos recursos para desbloquear emoções, que ajudam no nível emocional. Para o nível mental utiliza-se a análise de sucessos e fracassos e a revisão de hábitos. E em nível espiritual é incentivado o despertar da intuição e o encaminhamento para uma relação com o todo maior, seja a organização, a sociedade, o país, o cosmo, dentre outras associações. Com esse modelo, não restam dúvidas de que o mundo é um todo integrado e que há uma interdependência entre as partes. Partindo desse conceito e aplicando-o em nosso dia-a-dia de trabalho, percebemos que muitas instituições e/ou departamentos guiam-se apenas pela lógica mecanicista, fragmentando suas atividades entre os membros de seu grupo, criando “ilhas” e em decorrência disso perdem a visão sistêmica, do todo. O ideal é que as organizações e/ou departamentos apliquem o modelo holográfico de gestão. Esse modelo inspirou-se nas figuras holográficas, feitas com raio laser e composta de uma série de imagens superpostas. A principal característica do holograma é que qualquer de suas partes pode ser utilizada para a reconstituição do todo. Ou seja, se tomarmos um fragmento de um holograma poderemos reconstruí-lo a partir daí. A concepção da organização holográfica assemelha-se à concepção mística do universo: “tudo está em cada coisa e cada coisa em tudo”. Trazendo esse conceito para nossas atividades diárias, percebemos a importância de termos nos departamentos profissionais que são ao mesmo tempo especialistas e generalistas. Isso quer dizer que cada pessoa executa bem suas tarefas e, concomitantemente, interessa-se pelas tarefas dos outros, procura conhecer e aprender mais com os outros, e obtém uma visão mais clara do conjunto. Ou seja, a pessoa é uma parte que igualmente reflete o todo como num holograma.O autor Gareth Morgan em seu livro Imagens da Organização (2002) se aprofunda nesse conceito, comparando as organizações com o cérebro humano. Cada neurônio está conectado a milhares de outros, permitindo um sistema de funcionamento ao mesmo tempo genérico e especializado. Isso permite o processamento de informações em diferentes partes do cérebro, simultaneamente, a receptividade a diversos concomitantes de informação e a inacreditável capacidade de “saber” o que está acontecendo em outras partes. A adoção desses conceitos exige uma significativa mudança não apenas nas práticas, mas nos próprios valores organizacionais. Levando isso em consideração o mais importante é criar o relacionamento holístico entre as pessoas e seus trabalhos, de tal forma, que os servidores adquiram um senso de identidade com a empresa e seus serviços. Todos sabem quase tudo sobre os projetos e as atividades e se se tornam envolvidos com o processo no sentido mais completo. “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Pessoa.
Elaborado por Débora Fantinelli Colombara, membro da equipe E.F.A.P.

Nenhum comentário:

Arquivo do blog