25/10/2008

MUDAR É PRECISO

Mudar é preciso
Por que tantas pessoas têm medo de fazer mudanças e enfrentar o novo?
Marina, 32 anos, é formada em administração e trabalhava na área, mas decidiu largar o emprego e, com o apoio do marido, voltou aos bancos universitários. Estudou mais quatro anos e, hoje, professora, sente-se realizada dando aulas. Já Leila*, 34 anos, secretária de uma empresa, cursou pedagogia, fez cursos de especialização, mas não quer largar o emprego atual para começar a trabalhar como pedagoga. Diz que não trocaria um ambiente de trabalho em que já conhece a todos e a rotina como secretária para se aventurar em uma nova função.
Você já deve ter ouvido ou conhecido pessoas que passaram por situações semelhantes - as que mudaram o rumo de suas vidas sem grandes dificuldades e aquelas que, mais "conservadoras", preferem manter as coisas como estão. O que difere um tipo do outro, de acordo com o psiquiatra e psicanalista Luiz Alberto Py, é a coragem (ou a falta dela) para mudar. Ele explica que as pessoas são diferentes e reagem de maneiras diversas às situações da vida. "Todos temos medo do novo e, frente a ele, as pessoas se acovardam ou não", complementa.
Todos temos medo do novo e, frente a ele, as pessoas se acovardam ou não

O psiquiatra afirma que algumas pessoas percebem a mudança como algo ameaçador e, diante desta ameaça, deixam escapar oportunidades melhores de emprego, a possibilidade de conhecer novas pessoas e culturas ao ir morar em outro lugar, e até mesmo de serem mais felizes vivendo novos relacionamentos amorosos. As mudanças, no entanto, fazem parte da vida e devem ser encaradas como algo positivo e enriquecedor. É claro que o receio e as dúvidas são comuns quando há uma novidade ou uma quebra de paradigma. Porém, é a forma como valorizamos os prós e contras de uma possível mudança que fazem com que a enfrentemos ou nos acovardemos.
Medo de errar
As diferentes experiências de vida e alguns fatores inatos, como a iniciativa, a coragem e a autoconfiança, podem explicar por que as pessoas agem de diferentes maneiras diante de situações parecidas. Luiz Alberto Py deixa claro que podemos nascer com essas características de valentia e ousadia, mas, por outro lado, a formação também tem papel importante na aquisição delas. "Se um pai ou uma mãe diz para um filho: ‘não faz isso', ‘é perigoso' a todo momento - ou seja, o proíbem o tempo inteiro - a criança entenderá a mudança como algo ruim, absorverá o medo de experimentar, de ousar. No entanto, se ele é estimulado a enfrentar, torna-se mais valente, passa a encarar as mudanças com facilidade", esclarece o psiquiatra.
Na atual sociedade, o erro é encarado como algo ruim, que não pode acontecer em hipótese alguma. Por isso temos tanto medo de errar no trabalho e sermos demitidos, por exemplo, ou medo de não corresponder aos sentimentos uma pessoa, ou medo de tomar uma decisão prejudicial etc. Luiz Alberto Py, entretanto, garante que as falhas são fundamentais no processo de aprendizagem. "O medo de errar é patológico; o erro é bem-vindo, pois aprendemos errando. O medo ocorre quando há uma deturpação do que seria um erro. O erro é fundamental, sem ele não existe progresso", destaca.
O psicanalista também defende que devemos experimentar sempre e errar, sim, para aprender a fazer qualquer atividade. "Uma pessoa que tem medo de errar em alguma tarefa no trabalho deve ter a consciência de que não seria aceita no emprego se não tivesse condições de realizá-la", exemplifica. Py sugere que a cobrança seja minimizada: "Não temos que acertar, mas fazer o melhor que pudermos", completa.
Como combater o medo?
Então, como deve agir quem se sente com um medo exagerado de mudar - seja de atitude, seja de rumo na vida? Luiz Alberto Py recomenda que se procure ajuda. "A covardia é doentia. As pessoas devem buscar ajuda para serem menos medrosas e aflitas com o perigo. Qualquer modificação abala a gente, exige esforço, mas essa transformação é enriquecedora", argumenta. Ele recomenda a terapia e diz que, em alguns casos específicos, até remédios anti-depressivos podem ser usados - com prescrição médica, é claro.
O psiquiatra lembra, ainda, que o estímulo familiar e de amigos também auxilia neste processo de enfrentamento. O apoio é muito importante para que o processo de evolução ocorra. Não deixe que o medo de mudar te impeça de seguir em frente e aproveitar boas oportunidades.
(AUTORIA DESCONHECIDA)

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