30/12/2007

A FORÇA DA PALAVRA
A palavra tem uma força descomunal...contém uma energia, sobrenatural...
Tanto agride e desconcertaquanto consola na hora certa...
Mal usada desencaminha e destróiBem aplicada, orienta e reconstrói...precipitada, magoa e ofenderefletida, é escudo que defende...
Pode muito mais do que se imagina,Deprime, mas acaba com a rotina;
Desfaz crenças e desperta a Fé;Desencaminha e também orienta; Liberta, aprisiona, apascenta...
Propala engodo, mostra verdade...
Expressa ódio, indiferença, calorLiberando a energia nela contidapodemos modificar nossa vida,externando positivamentede forma clara e consistenteque queremos, podemos e devemosViver em Paz e com Amor!
Crendo, realizar-se-á,Pela força que na Palavra há!

28/12/2007

ENTENDENDO UM POUCO SOBRE ENTUSIASMO.



“É necessário que o mundo, depois de ti, seja algo melhor, porque tu viveste nele” (Stanley)
Tome a iniciativa. Não espere muito. Arrisque a saída heróica. Assuma. Não se omita. Decida. Faça. Mesmo errando. Só não erra quem não faz. É preciso caminhar. Quem não quer enfrentar riscos talvez não tenha o direito de viver!
• Domine o comodismo;
• Faça uma relação das coisas que você precisa vencer;
• Viver é constantemente começar;
• Organize as idéias na cabeça, para administrar bem o seu tempo;
• Preste atenção (atenção controlada, no instante presente);
• Aprenda com os insucessos;
• Forme um grupo, tenha amigos, discuta seus pontos de vista;
• Procure inovar (ter visão criativa);
• Evite copiar;
• Arrisque, para conseguir algo novo;
• Seja entusiasmado com a vida, agindo entusiasticamente;
• Acredite na sua capacidade de transformar a realidade;
• Não espere saber tudo para agir. A própria ação desenvolve o saber;
• Passe do plano das lamentações para o plano da ação.
Entusiasmo é diferente de otimismo. Otimismo significa acreditar que alguma coisa vai dar certo, até torcer para que dê certo. Algumas pessoas confundem otimismo com entusiasmo. A pessoa entusiasmada acredita na sua capacidade de transformar as coisas, de fazer dar certo, acredita em si mesmo e nos outros.
Acredita na força que as pessoas têm de transformar o mundo e a própria realidade.
A melhor maneira de ser entusiasmado é agir entusiasticamente. Se formos esperar ter as condições ideais primeiro, jamais nos entusiasmaremos com coisa alguma, pois nunca teremos razões para tanto.
Não é o sucesso que traz o entusiasmo, mas é este que traz o sucesso. Existem pessoas que ficam esperando as condições melhorarem, a vida melhorar, para depois se entusiasmarem.
Não sabem que o entusiasmo permanente é que traz a nova visão da vida.
Não espere a oportunidade chegar, vá atrás! Os gregos diziam que a oportunidade tem cabelo só na frente e é careca atrás. Quem não pegar pela frente nunca mais pegará por trás.
Viva!!! Seja ousado! Liberte seu potencial. Acredite em você. O mundo pertence aos ousados.
Extraído do último capítulo do livro de Sonia Jordão: A Arte de Liderar – Vivenciando Mudanças num Mundo Globalizado
Sonia Jordão

DICAS PARA OS QUE LIDERAM PESSOAS



1. Comunique-se com as pessoas que você chefia ou supervisiona, deixando-as à vontade para expressar suas opiniões sem temores, e pergunte regularmente a cada uma delas: – Como posso ajudá-lo a fazer melhor o seu trabalho? – Que problemas você tem que posso ajudar a resolver?
2. Procure certificar-se de que a pessoa entendeu o que você falou, sempre que explicar algo pergunte: – Fui claro?
3. Lembre-se de que não basta que a pessoa entenda. É preciso que ela acredite, participe e “vista a camisa”.
4. Mantenha-se informado, seja criativo e utilize todos os recursos que possam contribuir para maior eficácia da sua equipe.
5. Examine com os membros do seu grupo, regularmente, a eficácia de toda a organização.
6. Não faça seus colaboradores perderem tempo com diretrizes e exigências que servem apenas para satisfazer seus caprichos ou manias burocráticas.
O líder precisa saber administrar pessoas, esse é o diferencial. Ele deve ir até as pessoas. Dessa forma, ele estará fazendo com que sua equipe sinta-se mais participante e motivada. Isso aumenta a relação de confiança.Em casa, no trabalho e em quaisquer circunstâncias, vale a pena cultivar o hábito de ir até as pessoas e procurar ouvi-las. Conhecê-las melhor, compreendê-las, compartilhar, interagir.
Caso não fique bem claro para o colaborador a importância do seu trabalho, isso pode levá-lo à frustração e a desmotivação.
Para enfrentar os desafios desta década, as organizações devem dar extraordinária atenção aos empregados, tanto quanto aos clientes externos.
Isso não é uma questão de ser bonzinho com os colaboradores. Trata-se simplesmente do reconhecimento de que os seres humanos é que fazem ou destroem uma companhia.
RABISCADO POR MIM, GABI GABRIELA.


Extraído do Capítulo V do livro de Sonia Jordão: A Arte de Liderar – Vivenciando Mudanças num Mundo Globalizado
Sônia Jordão

19/12/2007


COMUNICAÇÃO, PODER E CULTURA ORGANIZACIONAL

Sidinéia Gomes Freitas
Professora da Universidade de São Paulo

Em que medida podemos estabelecer a correlação entre comunicação, poder e cultura organizacional? Esta é a primeira questão que qualquer profissional com um pouco de bom senso se coloca, ou seja, o que justifica a correlação? Em primeiro lugar, porque o poder é uma forma de comunicação que tem códigos, sinais, símbolos, rituais que comunicam.
Todo indivíduo, num certo momento de sua vida profissional, começa a perceber que somente ser um bom profissional, seguir rigorosamente todos os modelos, não bastou para o seu sucesso profissional. E começa a pensar: alguma coisa está errada. O que está errado?
É possível que o questionamento esteja acontecendo com alguns de vocês ou tenha acontecido nalgum momento de sua vida profissional. O indivíduo comunica corretamente, sabe planejar, realiza. De forma subjetiva fui analisar a minha formação acadêmica e percebi ausências de conhecimentos importantes. Obviamente, tenho a obrigação, como profissional e pesquisadora, de buscar conhecimento no sentido de superar as inquietações.
Nas pesquisas efetuadas para obtenção do grau de doutor analisei a comunicação como fonte ou instrumento de poder, porque as relações entre as pessoas são relações de poder. Na família, unidade mínima que forma todo o composto da sociedade, vamos encontrar relações de poder entre o pai, a mãe, o filho mais velho, o filho do meio. São posições que as pessoas naturalmente acabam ocupando, desenvolvendo e deixando transparecer na sociedade em que vivem. Às vezes de maneira mais sutil, dificultando a compreensão das relações estabelecidas.
Utilizando a literatura como suporte, reporto-me a Alvin Toffler, que, analisando as mudanças do poder no mundo moderno, aponta para três fontes de poder: o capital (desse ninguém vai fugir mesmo); a lei (que o Brasil tem que começar a discutir com mais profundidade); e o conhecimento, a informação.
Se o conhecimento tem um valor considerável, pergunto: como fica o indivíduo no contexto das instituições e organizações de nível de informação grande, médio, pequeno, enfim, as cultas, semicultas e incultas (é uma outra terminologia que também se usa para fazer essa classificação)?
O avanço da tecnologia, da aeronáutica, das redes de comunicação, coloca as organizações em sintonia com o mundo todo. E o indivíduo dentro dessas organizações? O que é que está acontecendo com o nosso dia a dia, com a nossa rotina, com o nosso trabalho?
O cidadão de nível médio de informação modificou-se substancialmente. As linguagens estão amplamente colocadas na sociedade midiática. Mas há uma questão: quando o indivíduo está na organização que consome grande parte de seu dia a dia, nem sempre a organização percebe as mudanças de seus funcionários e o discurso do administrador, que deveria comunicar (não me refiro especificamente a uma área, estou falando do gestor), comunica mal e diz aquilo que não deveria dizer. Não considerar, por exemplo os mecanismos psicológicos e comportamentais do receptor da mensagem, favorecendo a resistência às mudanças junto ao público interno. Em situações de planos de demissão voluntária, a situação se agrava.
A comunicação ineficaz dificulta as relações de poder nas organizações e o recurso humano que é bom não deveria ser perdido tão facilmente, porque as organizações que estão perdendo recurso humano de alta qualidade estão perdendo dinheiro, e precisam começar a entender isso de forma um pouco mais séria. São excelentes profissionais, qualificados que, sutilmente, educadamente, com toda a elegância necessária, pedem socorro, emprego, trabalho, que faça jus à sua qualificação.
A comunicação como fonte, instrumento de poder, tem claras correlações com a cultura organizacional. Esta pode ser compreendida enquanto um "conjunto de valores e pressupostos básicos, expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto age como elemento de comunicação e consenso como instrumentaliza as relações de dominação" (Fleury).
É no processo de investigação da cultura de uma organização que identificamos aspectos formadores da identidade organizacional. Hoje, muitas instituições públicas só podem ser analisadas por meio da perspectiva da fragmentação da cultura. Não há como falar em consenso na realidade das organizações brasileiras, mas seguramente na análise das culturas se assentam as relações de poder. Em outras palavras, para se questionar quando (ou como) os elementos simbólicos ocultam e instrumentalizam relações de poder.
Relações de poder existem e muitas vezes definem, e não necessariamente com os critérios de justiça necessários, a saúde da organização. Justiça implica juízo de valor, e valores são minimamente compartilhados nas organizações, contestando a antiga visão da cultura única.
Para analisarmos os valores, convém observar as crenças e os pressupostos de uma organização, os ritos, os rituais, as cerimônias, os símbolos, os sinais, a forma e o conteúdo de sua comunicação.
Mas de fato as cerimônias e os eventos demonstram quais são os valores que naquele momento estão prevalecendo naquela determinada cultura? Certamente serão os valores institucionais que se comunica e que lamentavelmente são valores não compartilhados por grande parte do público interno ou essencial porque o "contrato psicológico" não ocorreu ou se quebrou. Há autores que abordam a questão dos mitos institucionais que marcam uma cultura e por isso perpetuam determinados valores. De fato, há os tabus, os heróis e os contadores de histórias que perpetuam valores, além de outras figuras que constituem a cultura organizacional: o padre, os conspiradores. Enfim, há perfis os mais diferenciados que transmitem cultura via comunicação.
Não é possível dissociar os estudos da cultura organizacional dos próprios conceitos de organização, que incluem desde as teorias clássicas da administração, passando pela teoria contingencial, pela teoria da cognição organizacional.
Neste sentido, até gostaria de dizer que há produções, inclusive em língua portuguesa, muito interessantes, que começam a se preocupar com as dimensões esquecidas pela administração, tais como: admitir, por exemplo, os estudos sobre inveja, sobre sofrimento no trabalho, sobre a vida do executivo no qual a empresa investe, recicla, facilita a vivência em outros países e quando ele retorna determina "agora que você voltou, fique aí", desconsiderando todo o potencial adquirido. Muitas vezes, este executivo não se adapta mais à realidade de sua própria origem. É o sofrimento no trabalho, o comportamento patológico.
São dimensões que precisam começar a ser colocadas. Necessita-se de gestores com sanidade mental, e não os encontramos com facilidade. É comum eu causar surpresa nas pessoas quando declaro: todo mundo é invejoso, inclusive você. Isso faz parte da natureza humana. A questão é: como administrar isso. E as pessoas não se dão conta dessas dimensões, que pesquisadores franceses chamam de dimensões esquecidas pela administração.
Desavisadas e mal informadas, as organizações acreditam nos chamados fazedores de cultura, que determinam dia e hora para iniciar a mudança na cultura organizacional. Apresentam planos mirabolantes porque vão mudar a cultura daquela empresa. E ninguém muda a cultura. A cultura se transforma. Há momentos, estágios de desenvolvimento de uma organização. Há estágios: nascimento, crescimento, maturidade, falecimento ou renascimento, momentos propícios à mudança. Lamento dizer, mas muita organização séria pagou caro pela malandragem.
Em primeiro lugar, o indivíduo não muda se não quiser. Em segundo lugar, que deuses são esses que vão mudar comportamentos com fórmulas mágicas. A sociedade é que se transforma ou não. O brasileiro vem se transformando. Eu diria que a nação começa a discutir um pouco mais a questão da corrupção, por exemplo. A opinião pública se manifesta e começa a ser um pouco mais rigorosa. Somos iniciantes nas questões éticas, mas começamos a discuti-las. São indícios de uma sociedade em transformação, não que mudou totalmente. Nada se transforma com essa rapidez que prometem. É possível gerenciar a mudança e não existem modelos que nos dêem soluções mágicas.
A cultura organizacional deve ser analisada inicialmente pela cultura do meio em que a empresa opera e pelas subculturas da empresa. Encontramos conjuntos de subculturas que são culturas de pleno direito, com contornos claramente definidos, ainda que não aceitos pela ótica do consenso.
Aos profissionais de comunicação compete elaborar com qualidade as auditorias de cultura para podermos nos dirigir ao público interno, considerando os valores mínimos que essa organização está compartilhando, até para que se comunique de acordo com uma linguagem comum para que as pessoas nos entendam, nos compreendam. Precisaremos também considerar as nuances das tipologias de cultura, se aceitarmos que a cultura organizacional é fragmentada.
Os valores são transmitidos por meio da comunicação. O indivíduo comunica sua cultura a começar pela vestimenta que usa no trabalho, passando por seus hábitos, suas atitudes. Ele está o tempo todo se comunicando pelo olhar, pelo gesto, pela escrita, ele está, na verdade, mostrando valores. Então a comunicação é, realmente, o melhor caminho para se estudar a cultura organizacional. É pela análise da comunicação de uma empresa que percebemos o pensar e o sentir dessa organização.
É assim que vejo a correlação entre comunicação, poder e cultura organizacional. Com interfaces que se destinam a estudar o poder organizacional que não tem forma, mas que existe e determina nossa trajetória profissional.
COMUNICAÇÃO É CULTURA. CULTURA É COMUNICAÇÃO.

Marlene Regina Marchiori
Professora da Universidade Estadual de Londrina

As empresas brasileiras despertaram, nos últimos anos, para a modernização de suas estruturas. Uma revolução não muito silenciosa vem ocorrendo e conceitos como qualidade total, tecnologia, atendimento personalizado, flexibilidade, modernização e humanização, estão na ordem do dia. Todos estes conceitos estão voltados para uma finalidade, levar as empresas à eficácia com o aumento da produtividade, melhoria do relacionamento interpessoal e incremento da competitividade no mercado.
Mas todos estes esforços de modernização acabam esbarrando em um problema difícil de ser transposto – como mudar a mentalidade dos funcionários, gerências e administradores levando efetivamente as empresas ao sucesso.
A experiência em empresas tem demonstrado que o profissional de comunicação não deve apenas produzir informação/comunicação via boletins, malas-diretas, prospectos...; deve, sim, ir mais a fundo, modificando significativamente a organização no sentido de realmente obter o comprometimento dos indivíduos, trabalhando de forma estratégica.
Conhecer, sentir e acompanhar a dinâmica organizacional – ambiente interno e externo – é uma necessidade que se impõe sob o aspecto da atualização permanente. E, sobretudo, é uma questão de sobrevivência, posicionando a organização no mercado. Afinal, as organizações necessitam do comprometimento dos indivíduos para sua produtividade. Nessa mesma linha de raciocínio, profissionais da comunicação buscam caminhos para esta concretização.
A organização está mudando. Está mudando em razão da necessidade de poder ser mais competitiva, mais pró-ativa, tendendo a um maior nível de comunicação informal do que formal, em função da necessidade das pessoas interagirem, sentirem-se mais próximas uma das outras.
Mudanças contínuas e agilidade de adequação fazem parte dos cenários hoje enfrentados pela organização. Fundamentalmente, em todo processo organizacional, são as pessoas que pensam, imaginam, criam e detalham situações para melhor atingir seus objetivos e, em conseqüência, os da própria organização. Desta forma, o "tratamento" oferecido aos funcionários, assim como o estabelecimento das relações com grupos pertencentes aos ambientes de tarefa e geral da organização, devem ser compreendidos, demonstrando de que forma afetam o processo de formação do conceito da empresa.
A natureza da resposta organizacional parece ter relação direta com o nível de conscientização que a organização desenvolve. Neste processo, as temáticas – cultura organizacional e comunicação – são fortes componentes para o início do desenvolvimento empresarial.
Toda organização tem um conjunto de comportamentos, saberes e saber-fazer característicos de um grupo humano – entendidos por alguns autores, como cultura organizacional; desta forma, os comportamentos pertinentes a uma determinada organização são adquiridos por meio de um processo de aprendizagem e transmitidos ao conjunto de seus membros. Isto necessariamente envolve comunicação. Por isso, a comunicação deve ser básica entre os grupos para que se estabeleça e maximize a coordenação e cooperação. Este conceito se faz presente na organização a partir do momento em que o participante de cada grupo se convence de que juntos resolvem problemas e produzem resultados.
A comunicação se dará não mais por meio de algo que se diz, mas pela qualidade das relações que serão estabelecidas, assim como pela credibilidade que cada indivíduo manifestará para com a organização.
Para Marchiori, "a cultura se forma através dos grupos e da personalidade da organização. Os grupos se relacionam, desenvolvendo formas de agir e ser que vão sendo incorporadas por este grupo. A partir do momento que o grupo passa a agir automaticamente a cultura está enraizada e incorporada", explica. A comunicação é a fase fundamental neste processo, já que, segundo Marchiori, "você só forma uma cultura a partir do momento em que as pessoas se relacionam e, se elas se relacionam, elas estão se comunicando, a comunicação baseia-se na compreensão", conclui.
A organização que deseja garantir sua efetividade deve ir além de um sistema altamente tecnificado e produtivo, dirigindo seu esforço para o conhecimento das pessoas, seus comportamentos, formas de agir e ser. Portanto, toda organização deve desenvolver um espírito crítico e ações efetivas junto ao público interno, para que este possa representá-la da melhor forma possível, uma vez que toda organização é desenvolvida e estimulada pelos indivíduos. Neste sentido, a empresa é tratada como arranjos que podem encorajar o desenvolvimento de culturas, somente por meio da comunicação.
Fica claro, que uma cultura se modifica apenas se os indivíduos desejarem a mudança.
O estudo da cultura organizacional surge como uma maneira de se conhecer, de forma mais profunda e abrangente, a complexidade da organização, para daí desenvolver-se planos, programas e projetos efetivos de comunicação, integrados ao planejamento estratégico da comunicação organizacional.
É, a partir da análise da cultura organizacional que os profissionais de comunicação buscam as ferramentas para "falar' no mesmo nível de expectativa do público interno. Segundo Marchiori, "gerou atitude, você comunicou; não gerou você simplesmente informou. A comunicação só se efetiva a partir do momento em que o público interno entenda, deseje, aceite, participe e desempenhe um comportamento que gere a mudança proposta pela organização. A comunicação, portanto, exige credibilidade e comprometimento, tendo o poder de criar valores, impulsionando a organização para frente".
Quando em uma organização as pessoas dispõem das mesmas informações e compreendem que são parte integrante da vida organizacional, que possuem valores comuns e que compartilham dos mesmos interesses, os resultados fluem. O reconhecimento de valores compartilhados proporciona aos indivíduos uma linguagem comum com a qual todos podem colaborar.
O sucesso de uma organização depende das habilidades de comunicação entre todos os funcionários. A organização que "ouve" seus funcionários como um caminho para mostrar suporte e aceitação, que entende e detecta as diferenças de percepção entre os indivíduos, ocasiona um ambiente mais aberto e este ambiente faz com que os funcionários tenham maior satisfação e produtividade na empresa.
A organização deve inovar, buscando alternativas que direcione suas atitudes corretamente. Segundo Marchiori, "inovar não é somente a otimização dos processos organizacionais. Uma organização inovadora é aquela que reflete um comportamento organizacional que demonstre efetivamente a habilidade da empresa em querer inovar".
Portanto, comunicação e cultura são fundamentais e devem ser vistas como o "ajuste" para todo o sistema organizacional. Desta forma, a conquista da credibilidade é o caminho para a comunicação eficaz, sendo preciso observar se os funcionários estão apenas informados da mensagem ou realmente comprometidos com ela, demonstrando esse compromisso por meio de comportamentos que contribuam efetivamente para o resultado final, determinado pela organização.
A busca da participação consciente dos indivíduos, por meio de grupos de trabalho cooperativos, no esforço para a realização de objetivos comuns, humanos e organizacionais, deve ser a nova mentalidade dos profissionais que trabalham com a comunicação estratégica, criando e modificando valores, identificando os padrões culturais, refletindo a cultura organizacional e agindo sobre os sistemas de comunicação. Com certeza, é este o novo caminho para o desenvolvimento da sustentação da complexidade da organização.
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL: EM BUSCA DA COMPREENSÃO SOBRE O DILEMA DAS ORGANIZAÇÕES

Carmen Diva B. Monteiro, Elvira Cruvinel Ventura e Patrícia Nassif da Cruz

INTRODUÇÃO
Muitas metáforas podem ser usadas na tentativa de explicar o funcionamento das organizações. Morgan (1996) descrever algumas, a saber:
Organizações como máquinas: desenvolvimento da organização burocrática; máquinas feitas de partes que se interligam, cada uma desempenhando um papel claramente definido no funcionamento do todo;

Organizações como organismos: compreender e administrar as "necessidades" organizacionais e as relações com o ambiente, diferentes tipos de organizações como pertencendo a diferentes espécies;

Organizações como cérebros: importância do processamento de informações, aprendizagem e inteligência; cérebro como um computador, cérebro como um holograma;

Organizações como culturas: realidades socialmente construídas sustentadas por um conjunto de idéias, valores, normas, rituais e crenças;

Organizações como sistemas políticos: sistemas de governo baseados em vários princípios políticos que legitimam diferentes tipos de regras assim como os fatores específicos que delineiam a política da vida organizacional;

Organizações como prisões psíquicas: as pessoas caem nas armadilhas dos seus próprios pensamentos, idéias e crenças ou preocupações que se originam na dimensão inconsciente da mente;

Organizações como fluxo e transformação: compreensão da lógica de mudança que dá forma à vida social (sistemas autoprodutores, causalidade mútua, lógica dialética);

Organizações como instrumentos de dominação: aspectos potencialmente exploradores das organizações; sua essência repousa sobre um processo de dominação em que certas pessoas impõem seus desejos sobre as outras.

O presente trabalho propõe-se a abordar as organizações vistas como culturas e as organizações vistas como fluxo e transformação, ou seja, pretende enfocar as relações entre cultura e mudança organizacional. Para tanto, apresentaremos o texto "Antiga Lenda Egípcia do Peixinho Vermelho", de autoria anônima. Por meio deste conto abordaremos o conceito de cultura e as formas culturais existentes nas organizações. Através da lenda enfatizaremos também o papel do agente de mudanças, delineando algumas visões sobre a mudança organizacional e os fatores-chave que nela intervêm.
A HISTÓRIA
A seguir, apresentamos o texto, pedindo a atenção do leitor para as partes por nós grifadas para posterior análise.
Antiga Lenda Egípcia do Peixinho Vermelho
No centro de formoso jardim, havia um grande lago
(1), adornado de ladrilhos azul-turquesa.
Alimentado por diminuto canal de pedra, escoava suas águas, do outro lado, através de grade muito estreita.Nesse reduto acolhedor, vivia toda uma comunidade de peixes
(2) a se refestelarem, nédios e satisfeitos, em complicadas locas, frescas e sombrias. Elegeram um dos concidadãos de barbatanas para os encargos de Rei, e ali viviam, plenamente despreocupados, entre a gula e a preguiça. Junto deles, porém, havia um peixinho vermelho (4) menosprezado de todos.Não conseguia pescar a mais leve larva, nem refugiar-se nos nichos barrentos.
Os outros, vorazes e gordalhudos, arrebatavam para si todas as formas larvárias e ocupavam, displicentes, todos os lugares consagrados ao descanso.
O peixinho vermelho que nadasse e sofresse. Por isso mesmo era visto, em correria constante, perseguido pela canícula ou atormentado de fome.
Não encontrando pouso no vastíssimo domicílio, o pobrezinho não dispunha de tempo para muito lazer e começou a estudar com bastante interesse.
Fez o inventário de todos os ladrilhos que enfeitavam as bordas do poço, arrolou todos os buracos nele existentes e sabia, com precisão, onde se reuniriam maior massa de lama por ocasião de aguaceiros.
Depois de muito tempo, à custa de longas perquirições, encontrou a grade do escoadouro (6).
À frente da imprevista oportunidade de aventura benéfica, refletiu consigo:
– "Não será melhor pesquisar a vida e conhecer outros rumos?"
Optou pela mudança.
Apesar de macérrimo pela abstenção completa de qualquer conforto, perdeu várias escamas, com grande sofrimento, a fim de atravessar a passagem estreitíssima.
Pronunciando votos renovadores, avançou, otimista pelo rego d'água, encantado com as novas paisagens, ricas de flores e sol que o defrontavam, e seguiu embriagado de esperança...
Em breve, alcançou grande rio e fez inúmeros conhecimentos.
Encontrou peixes de muitas famílias diferentes que com ele simpatizaram, instruindo-o quanto aos percalços da marcha e descortinando-lhes mais fácil roteiro.
Embevecido, contemplou nas margens homens e animais, embarcações e pontes, palácios e veículos, cabanas e arvoredo.
Habituado com pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano (5), ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia (7) para quem toda água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração; impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos peixes, rogando proteção no bojo do monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida, porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado sem suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no palácio de coral (9) que elegera, com centenas de amigos, para residência ditosa, quando, aos se referir ao seu começo laborioso, veio a saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? Não seria nobre ampará-los, prestando-lhes o tempo valiosas informações?
Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no palácio de coral, compreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava, varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela proeza de amor que efetuava, supões que o seu regresso causasse surpresa e entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos lodacentos, protegidos por flores de lótus, de onde saíam apenas para disputar larvas, moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto ninguém, ali havia dado pela ausência dele. Ridicularizado, procurou, então, o Rei de guelras enormes (3) e comunicou-lhe a reveladora aventura.
O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia desaparecer de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos, cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceano e ofereceu-se para conduzi-los ao palácio do coral, onde viveriam todos, prósperos e tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar tanto quanto era necessário à aventurosa jornada.
Assim que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção. Ninguém acreditou nele. Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram solenes, que o peixinho vermelho delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquela história de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a declarar que falavam em nome do Deus dos peixes, que trazia os olhos voltados para eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia dele até à grade de escoamento e, tentando de longe, a travessia, exclamou, borbulhante:
– "Não vês que não cabe aqui nem uma só das minhas barbatanas? Grande tolo! Vai-te daqui! Não nos perturbe o bem-estar...Nosso lago é o centro do universo...Ninguém possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se, em definitivo, no palácio de coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca (8).
As águas desceram de nível. E o poço onde vivam os peixes pachorrentos e vaidosos esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a aparecer, atolada na lama...
Apresentada a história, faremos associações entre alguns elementos do texto e aqueles elementos que encontramos na cultura de uma organização, notadamente a dificuldade em gerir a mudança e o papel fundamental do agente de mudança (embora, nesta história, ele não tenha conseguido "salvar" a sua comunidade "organizacional").
PARALELO: HISTÓRIA COM CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Destacamos alguns personagens e símbolos que julgamos importantes para o alcance do objetivo de nosso artigo, qual seja, fazer um paralelo entre a história com a cultura e transformações de uma empresa.
(1) Um grande lago e (2) uma Comunidade de Peixes: A Organização e sua Cultura
O grande lago e a comunidade de peixes representam na nossa realidade a organização e a sua cultura. Não nos esqueçamos de que o lago é apenas o locus organizacional, posto que a comunidade (indivíduos e sua cultura) é que verdadeiramente "cria" a organização. A cultura organizacional, por sua vez, é formada por políticas internas e externas, sistemas, crenças, valores e clima organizacional.
O interesse sobre cultura organizacional recrudesceu nos anos 70, devido ao fenômeno japonês. O Japão surgiu como líder do poder industrial, apesar de não ter recursos naturais, não ter energia e ser um país superpovoado (mais de 110 milhões de habitantes). Entretanto, nenhum desses fatores impediu que houvesse um alto nível de crescimento, um baixo nível de desemprego e a mis bem-remunerada e saudável população trabalhadora do mundo. Assim, entender a cultura desse povo tornou-se importante para compreender a sua ascensão na economia mundial.
Segundo Fleury (1991), há vários caminhos para se desvendar a cultura de uma organização. Dentre eles destacam-se:
O Histórico das Organizações: o momento de criação de uma organização e sua inserção no contexto político e econômico da época propiciam o pano de fundo necessário para compreensão da natureza da organização, suas metas, seus objetivos. O fundador neste contexto tem um papel fundamental, pois ele detém a concepção global sobre o projeto da organização e tem o poder para estruturá-la, desenvolvê-la e tecer elementos simbólicos consistentes com esta visão.
Os incidentes críticos por que passou a organização, tais como crises, expansões, pontos de inflexão, de fracassos ou sucessos também são formadores de sua história. Nestes momentos, o tecido simbólico se revela mais facilmente ao pesquisador, pois certos valores importantes de serem preservados ou, pelo contrário, questionados, emergem com maior nitidez;
O Processo de Socialização de Novos Membros: o momento de socialização é crucial para a reprodução do universo simbólico. É através das estratégias de integração do indivíduo à organização que os valores e comportamento vão sendo transmitidos e incorporados pelos novos membros. As estratégias mais usuais são os programas de treinamento e integração de novos funcionários. Os rituais de socialização desempenham ao mesmo tempo o papel de inclusão do indivíduo ao grupo e delimitação do processo de exclusão dos demais;
As Políticas de Recursos Humanos: as políticas de recursos humanos têm papel relevante no processo de construção de identidade da organização por serem as mediadoras da relação entre capital e trabalho. Analisando as políticas explícitas e principalmente as políticas implícitas de recursos humanos de uma organização é possível decifrar e interpretar os padrões culturais desta organização;
O Processo de Comunicação: a comunicação é um dos elementos essenciais no processo de criação, transmissão e cristalização do universo simbólico de uma organização. É preciso identificar os meios formais orais (contactos diretos, reuniões, telefonemas) e escritos (jornais, circulares, "memos") e os meios informais, como por exemplo a "rádio-peão". O mapeamento dos meios permite o desvendar das relações entre categorias, grupos e áreas da organização;
A Organização do Processo de Trabalho: a análise da organização do processo de trabalho em sua componente tecnológica e em sua componente social, como forma de gestão da força de trabalho, possibilita a identificação das categorias presentes na relação de trabalho. Assim, ela é importante para desvendar aspectos formadores da identidade organizacional, além de fornecer o referencial para se decifrar a dimensão político-construtiva do elemento simbólico. Ou seja, para se questionar como elementos simbólicos ocultam ou instrumentalizam relações de poder é preciso rebater a análise para o plano concreto das relações entre os agentes no processo de trabalho;
As Técnicas de Investigação: derivam das propostas teórico-metodológicas desenvolvidas pelos autores. Na ênfase quantitativa utiliza-se levantamento de opinião, através de questionários, escalas, entrevistas, etc. Na ênfase qualitativa utilizam-se dados secundários da própria organização (documentos, relatórios manuais de pessoal, organogramas, jornais, etc.). As técnicas mais utilizadas para coleta de dados primários são entrevistas, observação participante e não participante e dinâmicas de grupo, com uso de jogos e simulações.
Cultura usualmente é tida como o padrão de desenvolvimento refletido nos sistemas sociais de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais cotidianos. Também é vista como o grau de refinamento e evidente em tais sistemas de crenças e práticas.
A antropologia serve de base para o estudo da cultura organizacional. Requer uma ruptura radical com a crença de que existe um centro do mundo e de que algumas culturas são mais avançadas ou evoluídas que outras. O antropólogo social ou organizacional deve ter elevado grau de relativismo cultural, de modo a neutralizar eventuais distorções provocadas por seu contexto cultural de origem. A experiência da alteridade leva a se perceber a própria cultura, através do reconhecimento de que ela nada tem de natural e sim é essencialmente formada de construções sociais, e a cultura do outro.
A cultura pode ser entendida como um sistema simbólico, tal como a arte, o mito, a linguagem, em sua qualidade de instrumento de comunicação entre as pessoas e os grupos sociais, que permite a elaboração de um conhecimento consensual sobre o significado do mundo; e também como um instrumento de poder e legitimação da ordem vigente.
Na perspectiva da Antropologia, a dimensão simbólica é concebida como capaz de integrar todos os aspectos da prática social. Segundo Durhan (Fleury, 1987), os antropólogos tenderam sempre a conceber os padrões culturais não como um molde que produziria condutas estritamente idênticas, mas antes como as regras de um jogo, isto é, uma estrutura que permite atribuir significado a certas ações e em função da qual se jogam infinitas partidas. Não existe também a preocupação em estabelecer relações entre as representações e o poder.
Entre os sociólogos uma corrente importante para a análise da cultura é o interacionismo simbólico (Fleury, 1987), no qual toda atividade está sujeita ao hábito. Qualquer ação freqüentemente repetida torna-se um padrão que pode ser reproduzido, com economia de esforço e tempo. Os fenômenos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser independentes da apreensão que cada pessoa faz deles individualmente. A realidade se impõe como objetivada, isto é, constituída por uma série de objetivos que foram designados como objetos antes da "minha" aparição (como indivíduo) em cena. Existe o compartilhar de um senso comum sobre a realidade, produzindo signos (sinais que têm significação). Nas organizações, observa-se como certos símbolos são criados e os procedimentos implícitos e explícitos para legitimá-los.
Discutem-se também os processos de socialização vivenciados pelo indivíduo, quais sejam:
Socialização Primária: onde o indivíduo se toma membro de uma sociedade. O cunho da realidade do conhecimento é internalizado quase que automaticamente pelo indivíduo, através, principalmente, da linguagem;
Socialização Secundária: introduz um indivíduo já socializado a novos setores do mundo objetivo. A identificação acontece somente na medida necessária para a comunicação entre seres humanos. Sua extensão e seu caráter são determinados pela complexidade da divisão do trabalho e pela distribuição social do conhecimento de uma dada sociedade.
Smirchich (Fleury, 1987) propõe duas linhas de pesquisa:
A cultura como uma variável, como alguma coisa que a organização tem: ligada ao modelo sistêmico de organização, tem um objetivo normativo – realizar diagnósticos com análises comparativas que subsidiem a elaboração de estratégias de ação das empresas. Por sua vez esta linha de pesquisa considera dois tipos de variáveis:
como variável independente, externa à organização (a cultura da sociedade em que se insere a organização e que é trazida para dentro por seus membros);
como variável interna à organização (as organizações produzem bens, serviços e produtos culturais como lendas, ritos, símbolos); é resultado do desempenho e de representações dos indivíduos nas organizações;
A cultura como raiz da própria organização, algo que a organização é: esta segunda abordagem procura ir além da visão instrumental da organização para pensá-la como um fenômeno social derivado do conceito antropológico de cultura.Dentro dessa abordagem, a autora coloca três correntes antropológicas que embasariam as pesquisas sobre cultura organizacional:
Cognitivista: cultura é definida como um sistema de conhecimento e crenças compartilhados. É importante determinar quais as regras existentes em uma determinada cultura e como seus membros vêem o mundo;
Estruturalista: a cultura se constitui de signos e símbolos. É convencional, arbitrária e estruturada. É constitutiva da ação social sendo, portanto, indissociável desta;
Simbólica: define cultura como um sistema de símbolos e significados compartilhados que necessita ser decifrado e interpretado. As pessoas procuram decifrar a organização em termos de pautar e adequar o seu próprio comportamento.
Nesta última corrente, Van Maanem (Fleury, 1991) identifica vários tipos de estratégias de socialização, que podem ser combinados em função de se adequar o mais eficientemente possível o indivíduo aos objetivos e natureza daquela organização (tem a ver com a socialização secundária de Berger).
Para Schein, também desta última corrente, cultura organizacional é o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa ou integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. Ainda, a cultura de uma organização pode ser apreendida em vários níveis (Fleury, 1991):
Nível dos artefatos visíveis: fáceis de obter, mas difíceis de interpretar. É o ambiente construído da organização, arquitetura, layout, a maneira de as pessoas se vestirem, padrões de comportamento visíveis, documentos públicos;
Nível dos valores que governam o comportamento das pessoas: valores manifestos na cultura, ou seja, expressam o que as pessoas reportam ser a razão do seu comportamento, o que na maioria das vezes são idealizações ou racionalizações;
Nível dos pressupostos inconscientes: são aqueles pressupostos que determinam como os membros de um grupo percebem, pensam e sentem. À medida que um pressuposto vai se tornando cada vez mais taken for granted, vai passando para o nível do inconsciente.
O mesmo autor diz que se a organização como um todo vivenciou experiências comuns pode existir uma forte cultura organizacional que prevaleça sobre várias subculturas das unidades (cultura dos gerentes, do sindicato, etc.). Schein coloca como de maior importância o papel dos fundadores da organização no processo e moldar seus padrões culturais, que imprimem sua visão de mundo aos demais e também sua visão do papel que a organização deve desempenhar no mundo.
Shein propõe ainda categorias para se investigar o universo cultural de uma organização:
Analisar o teor e o processo de socialização dos novos membros;
Analisar as respostas a incidentes críticos da história da organização;
Analisar as crenças, valores e convicções dos criadores ou portadores da cultura;
Explorar e analisar junto a pessoas de dentro da organização as observações surpreendentes descobertas durante as entrevistas.
Esta linha de estudos assume os sistemas culturais apenas em sua capacidade de comunicação e de expressão de uma visão consensual sobre a própria organização. Entretanto, a dimensão do poder está ausente destes estudos. Para ir além da proposta clássica, que define cultura como representações simbólicas que expressam formas comuns de apreender o mundo, é necessário "politizar" o conceito de cultura, investigando como o universo simbólico expressa relações de poder, oculta-as e instrumentaliza o pólo dominante da relação.
(3) O Rei de Guelras Enormes: O Poder nas Organizações
O Rei representa na lenda o poder. Percebe-se na figura do rei um líder de comportamento autoritário, sem a devida responsabilidade para com seus seguidores (comunidade de peixes). Nas organizações, essa faculdade de um homem determinar o comportamento de outro homem pode se dar através da manipulação, da persuasão, da ameaça de punição e até pela promessa de benefícios e vantagens.
Nesta perspectiva, Max Pagès, estudando o fenômeno do poder e suas articulações na vida de uma organização, trabalha de forma analítica (e não-antropológica) o fenômeno do poder sob diferentes matizes, aliando o referencial marxista à psicanálise freudiana (postura "sistêmico-dialética"):
Como fenômeno de alienação econômica (perspectiva marxista);
Como fenômeno político de imposição e controle sobre as decisões e organização do trabalho;
No nível ideológico, como um fenômeno de apropriação de significados e valores;
No nível psicológico, como um fenômeno de alienação psicológica.
Fleury (1987) coloca a introdução do conceito de mediação como um processo que transforma a contradição básica entre capital e trabalho em uma contradição interna às políticas da organização. A organização hipermoderna tem esta característica, identificada em quatro categorias:
Mediações de ordem econômica (salários, carreira, etc.);
Mediações de ordem política (sistema decisório);
Mediações de ordem ideológica (quer tornar-se um lugar de produção de significado e valor);
Mediações de ordem psicológica (de vantagens / restrições para prazer / agonia, mecanismo de reforço circular, que assegura a manutenção do sistema psicológico em consonância com a estrutura da organização e os reproduz).
O conceito de ideologia desenvolvido pelos autores aproxima-se do conceito de cultura organizacional. Para o autor a ideologia não reside apenas no discurso dos dirigentes, mas é elaborada pelo conjunto dos empregados. A função essencial da ideologia não é apenas mascarar as relações sociais de produção, mas reforçar a dominação e conseguir a exploração dos trabalhadores. Utiliza a metáfora da "religião", que na empresa é colocada em prática nos dispositivos da política de pessoal. Em sua pesquisa, analisa os dogmas, mandamentos da empresa, ritos (confissão: entrevista de avaliação; missa: reuniões; batismo: programa de treinamento, etc.).
Fleury (1989) define cultura a partir da concepção de Shein, mas incorpora a dimensão política inerente a este fenômeno. Assim, cultura organizacional é concebida como:
"...um conjunto de valores e pressupostos básicos expressos em elementos simbólicos, que em sua capacidade de ordenar, atribuir significações, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de comunicação e consenso, como ocultam e instrumentalizam as relações de dominação" (Fleury, 1989:22).
Há, ainda, o mito da "grande família" , que revela as duas faces presentes nas relações de trabalho: a face visível da solidariedade, de cooperação, e a face oculta da dominação e submissão.
(4) O Peixinho Vermelho: O Agente de Mudanças
Na lenda, o peixinho vermelho representa o agente promotor de mudança. É considerado um líder democrático, cooperativo, aberto à mudança e sobretudo humano. Buscava conhecimento através do estudo e também conhecia bem a realidade em que vivia, ou seja, os problemas, a estrutura, as bases do grande lago.
Nas organizações, esse agente de mudanças é conhecido como empreendedor. Estes, por sua vez, são elementos dispostos a inovar e criar produtos, estratégias e situações que promovem o desenvolvimento organizacional.
Até meados da década de 70, falar em mudança organizacional era predominantemente falar em projeto ou desenho organizacional. A idéia de mudança estava centrada no conceito de alteração de organogramas, na criação, modificação ou extinção de cargos e funções. É somente nos anos 80 que esta abordagem vai ganhar forma. Grande parte do interesse pelo tema deve-se ao fato de que, após operar todo tipo de mudança em suas empresas, muitos administradores perceberam que ainda era necessários mudar os valores comuns e as crenças dos grupos para que os resultados surgissem.
Para Herzog (citado por Wood, 1992), mudança no contexto organizacional engloba alterações fundamentais no comportamento humano nos padrões de trabalho e nos valores em resposta a modificações ou antecipando alterações estratégicas, de recursos ou de tecnologia. Ele considera também que a chave para enfrentar com sucesso o processo de mudança é o gerenciamento das pessoas, mantendo o alto nível de motivação e evitando desapontamentos. Para ele, grande desafio não é a mudança tecnológica, mas mudar as pessoas e a cultura organizacional, renovando os valores para ganhar vantagem competitiva.
Deal e Kennedy (citados por Wood 1992), acreditam que a mudança é necessária quando ocorrem perturbações ambientais e mudar torna-se uma questão de sobrevivência. Delisi, Linder e Koch e Steinhauser (Wood, 1992) exploram a relação entre tecnologia de informação e mudança cultural e o potencial de impacto que a variável tecnológica tem sobre as organizações.
Para Morgan (1996), o processo de mudança tradicionalmente tem sido dado como um problema de mudança das tecnologias, estruturas, habilidades e motivações dos empregados. Embora seja correto, a mudança efetiva depende das mudanças de imagens que deve guiar as ações.
O'Toole (Wood, 1992) considera que os fatores-chave em uma mudança cultural são:
que a mudança seja construída sobre as forças e os valores da organização;
que haja participação em todos os níveis;
que a mudança se dê de forma holística, relacionando-se com a estrutura, estratégica, sistemas de recompensa, sistemas de controle;
que a alta gerência lhe dê todo apoio e que se torne um processo contínuo;
que seja planejada no longo prazo e executada em etapas.
Segundo Pettigrew (Fleury, 1991) a cultura é pensada como um conjunto complexo de valores, crenças e pressupostos que definem os modos pelos quais uma empresa conduz seus negócios. Esse núcleo de crenças e pressupostos são manifestos nas estruturas, sistemas, símbolos, mitos e padrões de recompensas dentro da organização. Seria muito mais fácil ajustar as manifestações de cultura do que modificar o núcleo de crenças e pressupostos básicos de uma organização. No entanto, qualquer estratégia para modificar a cultura organizacional terá de envolver pensamentos e ação tanto no nível das crenças básicas como no de suas manifestações.
O ponto de partida para esta análise da mudança estratégica é a noção de que a formulação do conteúdo de qualquer nova estratégia supõe controlar ambiente social, econômico, político e competitivo. O contexto interno é a própria cultura organizacional, através da qual as idéias de mudança devem fluir. O processo de mudança refere-se às ações, reações e interações das várias partes interessadas.
Segundo Morgam (1996), aprende-se a encarar sistemas vivos como entidades distintas caracterizadas por inúmeros padrões de interdependência, tanto internos, como em relação aos seus ambientes. Caso nos coloquemos "dentro" desses sistemas percebemos que estamos dentro de um sistema fechado de interação e que o ambiente é parte da organização do sistema.
O padrão do sistema deve ser entendido como um todo. Por isso não faz sentido dizer que um sistema interage com seu ambiente, são transações dentro de si mesma. Se as relações com o ambiente são internamente determinadas, então os sistemas só podem evoluir e mudar através de mudanças autogeradas na identidade. Quando uma organização deseja entender o seu ambiente, deve então entender-se a si mesma, uma vez que a compreensão do ambiente é sempre uma projeção de si própria. Muitas organizações encontram sérios problemas em lidar com o mundo exterior por não reconhecerem que são uma parte dos seus respectivos ambientes.
(5) O Oceano: o Universo de Inserção das Organizações
O oceano significa o universo de inserção das organizações que sobreviverão e se adaptarão aos impactos das transformações exigidas pela dinâmica do mundo globalizado da Era da Informação. De acordo com Toledo (1997), a mutabilidade é o cenário em que as pessoas e organizações vão encontrar neste fim de milênio e no começo do próximo. Diante disso, coloca-se a necessidade das empresas se adequarem aos novos paradigmas para que permaneçam no mercado. Muitas organizações se vêem como centros, olhando apenas para o seu próprio umbigo, fechadas ao ambiente, em si mesmas, às mudanças. Não querem se comprometer, pois tal ação exige risco.
Um novo modelo de gestão deve, então, ser criado neste cenário de competitividade crescente, tanto no nível das relações externas quanto internas. À medida que os cenários mudam os seres humanos são instados a mudar, a oferecer soluções criativas e a mobilizar novos recursos. E a transformação desse fluxo de mudanças se encontra na sinergia, parceria e na globalização que são formas de união.
(6) A Grade de Escoadouro: Os Obstáculos para a Mudança
Na lenda o escoadouro representa o caminho para a mudança, a ponte. Toda mudança implica algum sacrifício e é sempre cercada por incertezas. É esta passagem estreitíssima que levaria a outro mundo (oceano, rios, riachos, plantas). Mas, para se chegar do outro lado, através desse escoadouro, era preciso que os peixes emagrecessem, renunciassem a muitos hábitos, atitudes, crenças, valores. Desse modo, não atravessar esse escoadouro significa negar a necessidade de mudanças e dizer não às novas oportunidades, enfim, significa uma resistência à mudança.
As organizações por estarem inseridas num contexto de mudanças constantes precisam se adaptar às novas realidades com as quais se defrontam. Por exemplo, tais realidades poderiam ser a necessidade de uma nova política de recursos humanos, ou uma nova forma de gestão e planejamento; ou ainda, mudanças nas estruturas, sistemas e processos ou urgência de informatização; ou até mudanças políticas e novas tecnologias. A despeito de tais pressões, muitas organizações não procedem as atitudes necessárias para instaurarem o processo que as levaria a modificar o seu status quo. Talvez o maior foco de resistência seja o fato de que a questão não é somente mudar, e sim gerenciar a mudança, o que implica na tarefa extremamente difícil de gerenciar a própria cultura da organização.
Segundo Pettigrew (Fleury, 1991) as dificuldades de se gerenciar a cultura de uma organização são devidas aos seguintes problemas:
Problema dos níveis: a cultura existe em uma variedade de níveis diferentes na empresa. Refere-se às crenças e pressupostos das pessoas dentro da organização. É muito mais difícil modificar manifestações de cultura;
Problema da infiltração: a cultura refere-se também aos produtos da empresa, às estruturas, aos sistemas, à missão da empresa, recompensas, socialização;
Problema do implícito: é difícil modificar coisas que são implícitas no pensamento e no comportamento das pessoas;
Problema do impresso: a história tem grande peso na administração presente e futura na maioria das organizações;
Problema do político: refere-se às conexões entre a cultura organizacional e a distribuição do poder na empresa. Esses grupos de poder não estão dispostos a abandonar tais crenças;
Problema da pluralidade: a maioria das empresas não possui uma única cultura organizacional, podendo apresentar uma série de subculturas;
Problema da interdependência: a cultura está interconectada não apenas com a política da empresa, mas com a estrutura, os sistemas, as pessoas e as prioridades da empresa.
Para criar e manter a cultura, a rede de concepções, normas e valores devem ser afirmados e comunicados aos membros da organização de uma forma tangível (Fleury, 1991), que são as formas culturais, ou seja, os ritos, rituais, mitos, histórias, gestos e artefatos.
O rito se configura como uma categoria analítica privilegiada para desvendar a cultura das organizações. Ao desempenhar um rito, as pessoas se expressam através de diversos símbolos: certos gestos, linguagem, comportamentos ritualizados, artefatos para salientar uma visão consensual apropriada à ocasião. Comparando os relatos antropológicos dos ritos das sociedades tribais com os da vida das organizações modernas, Beyer e Trice (Fleury, 1991) identificaram seis tipos de ritos:
Ritos de passagem: o processo e introdução e treinamento básico no Exército americano;
Ritos de degradação: o processo de despedir e substituir um alto executivo;
Ritos de confirmação: seminários para reforçar a identidade social e seu poder de coesão;
Ritos de reprodução: atividades de desenvolvimento organizacional;
Ritos para redução de conflito: processos de negociação coletiva;
Ritos de integração: festas de natal nas organizações.
Para os autores, os ritos organizacionais são facilmente identificáveis, porém dificilmente interpretáveis. Pode-se, então, identificar duas posturas teóricas básicas ao se trabalhar o conceito de cultura, que não são excludentes:
aqueles que consideram a cultura como a interação/comunicação entre as pessoas e grupos e elaboração de um conhecimento consensual sobre significado do mundo (arte, mito, linguagem => sistema simbólico);
aqueles que consideram a cultura como um instrumento de poder e legitimação da ordem vigente (ideologia).
(7) A Baleia : O Perigo da Precipitação
Na nossa história o encontro com a baleia representa exatamente o extremo da organização que resiste às mudanças: é aquela que se deixa levar inconseqüentemente por qualquer "onda" que lhe acene com a promessa de solução de seus problemas, aceitando o modismo da mudança sem uma avaliação adequada de suas reais necessidades e um planejamento sério para levar a termo tais tentativas de transformação.
Podemos incluir aqui as chamadas "maquiagens", muda-se a forma mas o conteúdo permanece o mesmo. Ou então são os "desvios" da mudança, em que a empresa, por ignorância, falta de orientação ou por má interpretação dos fatos não procedeu de forma a viabilizar aquilo que pretendia e acaba faceando situações danosas para as quais não tem defesa, e que podem inclusive vir a causar-lhe a extinção. A baleia também pode representar o reconhecimento do erro, quando os desvios mencionados são detectados em sua fase inicial e ainda são passíveis de serem corrigidos.
(8) A Seca: O Destino das Organizações Estanques
A Seca representa o futuro para aquelas organizações que não aceitarem os novos paradigmas. Aquelas que não acompanharem o influxo dos requisitos para a sobrevivência no mercado globalizado estão destinadas a desaparecer. As mudanças globais na economia delineiam um novo cenário que traz, para as empresas, drásticas mudanças nas relações de troca: exigência dos consumidores e necessidades de qualidade de vida do trabalho. Por isso, é necessário que as mudanças se façam nos processos sociais internos, para que se modifiquem também as pessoas a fim de que este modelo de gestão funcione.
Diante disso, torna-se necessário superar as barreiras dos antigos comportamentos. Em primeiro lugar, através da quebra dos paradigmas construídos sobre a realidade passada, para que um novo paradigma possa fazer emergir uma nova realidade sobre ele construída. As organizações devem se preparar para os possíveis desafios, através de um processo contínuo de aprendizagem, mobilização de recursos adicionais para atenderem às novas demandas e adaptação ao novo ambiente; caso contrário, as organizações estão fadadas à morte (falência).
(9) O Palácio de Coral: O Futuro das Organizações
Em nossa história o palácio de coral representa o novo estado possível da organização, ou, dito de outra forma, como serão as arquiteturas organizacionais para o século 21. Desde meados dos anos 80 têm aumentado as pressões sobre as empresas que desejam continuar no mercado com êxito. As transformações por que passa a nossa época são bastante diferenciadas daquelas trazidas no bojo da Revolução Industrial que motivou a reorganização das relações mundiais de produção e trabalho. Várias foram as forças que delinearam este novo cenário organizacional, dentre as quais pode-se citar a tecnologia, a competição, o excesso de oferta, a globalização, as expectativas do cliente, a participação governamental, as relações de propriedade e a dinâmica das forças de trabalho.
Neste contexto, é fácil perceber que as organizações para sobreviverem devem enfrentar todos estes desafios, o que pressupõe uma capacidade de prever mudanças e administrá-las, privilegiando a adaptabilidade, a flexibilidade, a sensibilidade, a decisão e a rapidez; daí a crucial importância do desenvolvimento antecipado de estratégias, ou, dito de outra forma, o que faz a diferença fundamental entre as empresas no mundo moderno é a qualidade do seu planejamento estratégico.
Assim, podemos inferir que no futuro as organizações provavelmente terão, entre outras, as seguintes características: organizações em redes de fornecedores, concorrentes e clientes cooperando para sobreviver, limites organizacionais imprecisos (várias lealdades); sistemas de trabalho de alto desempenho (processos e qualidade total); equipes serão a norma; subunidades serão autônomas; normas e valores dão coesão para direção e coordenação ativas; formas organizacionais fluidas e transitórias; ênfase do aprendizado em nível de sistema; desenvolvimento da visão estratégica e visão específica; e menor ênfase no desempenho financeiro de curto prazo.
CONCLUSÃO
De acordo com Tavares (1991), as características próprias de cada organização nascem das estratégias adotadas por seus dirigentes a fim de manter a empresa. As pessoas têm que estar de acordo com estas características, e estes pressupostos vão se internalizando, formando uma posição a respeito de "como as coisas são".
A partir de exigências para mudanças no ajustamento externo estas podem impulsionar desdobramentos internos de alteração nos sistemas de integração e coordenação. As culturas mudam pelos mesmos processos pelos quais se formam, transformam sua interpretação em ação visível, através do exemplo vivido e inteligível para o grupo como um todo, permitindo uma orientação no agir e interagir do cotidiano da empresa.
O grande dilema que parece estar no bojo de toda esta transformação é a questão do gerenciamento das contradições entre cultura e mudança organizacional. Enquanto a primeira enseja uma sedimentação lenta, mais definida pela passagem do tempo, a segunda pede a adaptabilidade instantânea para responder aos desafios que este mesmo tempo lhe impõe. Faz-se mister, portanto, aprender a mudar, o que significa aprender e apreender o que ode e deve ser feito com os instrumentos e técnicas disponíveis do planejamento e do controle do processo, pois, embora não possamos realmente prever o futuro, parece claro que este mesmo futuro não será alcançado a menos que tentemos ir até ele.
Alguns quesitos terão maior relevância sobre outros ao longo deste caminho que estamos percorrendo no sentido de aprenderemos a mudar. Apenas para exemplificar o gênero de desafios que nos espera podemos citar:
a administração de contratos de parceira (parceiros não são empregados);
o equilíbrio de tendências opostas;
a administração de grupos e suas implicações (já que o trabalho em equipe vai prevalecer, como ficam questões como compensação, avaliação, feedback e procedimentos disciplinares?);
alta tecnologia versus liberdades civis (como normatizar o sigilo da informação? Será a perda de liberdade maior que o ganho em produtividade?);
possível lentidão de algumas mudanças (a capacidade de adaptação ditará o ritmo).
Um outro aspecto que merece atenção é o caráter episódico que parece estar erroneamente associado ao processo de mudança. Mudar é um processo contínuo, que deve ser incorporado ao modus operandi da empresa de forma a permitir a sua inserção na dinâmica das transformações que caracterizam o atual estágio de transformações aceleradas do mundo moderno. Mudar é estar em sintonia com este processo social por que passa a humanidade, filtrando o melhor e aprendendo com o erro.

BIBLIOGRAFIA
FLEURY, Maria Tereza Leme, FISCHER, Rosa Maria. Cultura e poder nas organizações. Rio de Janeiro: Atlas, 1991.
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FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional: grandes temas em debate. Revista de Administração de Empresa. São Paulo, jul./set. 1991.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas.
HANDY, Charles. Deuses da administração: como enfrentar as constantes mudanças da cultura organizacional. São Paulo: Vértice, 1987.
MORGAN, Gareth. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
TAVARES, Maria das Graças de Pinho. Cultura organizacional: uma abordagem antropológica da mudança. São Paulo: Qualitymark, 1991.
WOOD JR., Thomaz. Mudança organizacional: uma abordagem preliminar. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 32, n. 3, p. 74, jul./ago. 1992.

14/12/2007

LIDERANÇA SERVIDORA POR SÉRGIO BUAIZ


A nobre missão humana de doar-se
Muitas pessoas são reconhecidas como líderes simplesmente por ocuparem posições privilegiadas dentro das organizações. São protegidas pela hierarquia e se colocam em condição de superioridade, impondo ordens a seguidores, subordinados ou dependentes. É o poder que “vem de cima”.Os líderes que atuam dessa maneira buscam segurança no isolamento. Utilizam a autoridade formal como defesa e abusam do poder que possuem, pois acreditam que é a única forma de manterem respeito. Apresentam um alto grau de individualismo, colocando o próprio orgulho e vaidade acima dos interesses coletivos. Por conta disso, exercem influência de maneira artificial e passageira, causando danos irreparáveis às relações. O poder é inerente ao posto em destaque, e não propriamente à pessoa. Infelizmente, há um grande número de políticos, militares, executivos e catedráticos que só conseguem liderar dessa forma arrogante. Utilizam cargos, dinheiro e títulos para demonstrar sua força e ditar as regras, eliminando qualquer possibilidade de diálogo. Mesmo que aparentem cordialidade e democracia, mantêm a ameaça velada. Ou seja, cuidam para que o resultado final seja exatamente o que esperam, sem dar margem à negociação. Todos que tentam interferir nesse resultado são humilhados, desvalorizados ou afastados, deixando claro para os que ficam quem decide e quem detém o poder.Dentro do contexto familiar também ocorrem abusos de autoridade, na educação dos filhos ou mesmo no casamento. O machismo contribui bastante para esse tipo de distorção. São inúmeros os exemplos de relações de poder que se nutrem das desigualdades. Entretanto, por melhores que sejam as intenções de quem comanda, esse tipo de abordagem gera um distanciamento crescente, que desgasta e leva às crises.
IgualdadeA liderança servidora é justamente o oposto de tudo isso. É pensar coletivamente e doar-se em favor do grupo. É aproximar-se dos outros, desenvolvendo laços de confiança, incentivo e cooperação mútua, em pé de igualdade.Mesmo quando ostenta títulos e ocupa cargos importantes, o líder servidor não se utiliza da autoridade formal para ser respeitado. Ele não precisa. Prefere inspirar pelo exemplo e atrair aliados, ao invés de seguidores. O líder servidor pode ser um ativista ou missionário, que manifesta suas opiniões com fluência, despertando crenças e talentos adormecidos. Ele tem o brilho natural da paixão pela causa e contagia os outros com sua coragem. Conquista o direito de liderar o grupo espontaneamente, sem a necessidade de nenhuma disputa. Seu poder emerge da própria coerência, atitude e credibilidade, ao longo do tempo. Normalmente, o líder servidor desponta em situações ou ambientes em que todos são tratados como iguais. É mais fácil atrair e manter aliados verdadeiros quando não existem artifícios que o diferencie dos outros, apenas o magnetismo natural que exerce pela palavra e o exemplo. De qualquer modo, todas as pessoas podem desenvolver as características do líder servidor, desde que estejam realmente dispostas a agir como iguais. É preciso abrir mão da autoridade formal para que os aliados sintam-se acolhidos e respeitados. O líder servidor não é melhor nem pior que ninguém. Ele dispensa tratamentos especiais e pede ao invés de mandar. É dessa maneira que ele atua e motiva os outros a evoluírem lado a lado. Ele controla o seu ego e projeta a existência em algo muito maior que o indivíduo. Entrega-se plenamente à causa coletiva e trabalha arduamente, para levar sua mensagem em benefício do maior número de pessoas.O líder servidor não se apega aos resultados físicos. Nada é tão valioso quanto o autoconhecimento e a expansão das próprias capacidades de contribuir com os outros. Ele busca transformação pessoal e espiritual, pois sabe que as recompensas individuais são muito pequenas, se comparadas à realização maior que o impulsiona. Sua vida tem um grande significado.
ValoresPara liderar grupos heterogêneos, ele aceita a diversidade como riqueza e promove o que cada pessoa tem de melhor. Sua postura é inclusiva e apreciativa, movendo os outros para frente. Ao invés de garantir a própria superioridade pela limitação ou diminuição dos outros, promove o crescimento conjunto como objetivo maior.Ao facilitar para que todos se libertem de seus medos e descubram a verdadeira vocação, conquista mais confiança e gratidão. Ou seja, quanto mais auxilia seus aliados, mais fidelidade obtém. A satisfação dos anseios de cada um é uma forma poderosa e inteligente de perpetuar sua influência.O líder servidor não precisa fazer muito para angariar e manter seguidores, simplesmente porque não se importa com isso. Aliás, líderes servidores nem gostam de ser idolatrados. Preferem ter companheiros de jornada que compartilham experiências, se inspiram e fazem sua parte também.Quando está em evidência, o líder servidor aproveita para mandar o seu recado, mas a projeção e o reconhecimento nunca aparecem como finalidade. O foco é sempre no outro: como ajudar o próximo? Como fazer mais e melhor? O líder servidor alimenta a característica infantil da inocência. Ele acredita em seus ideais com tanta convicção que pode soar utópico para alguns, mas sua visão otimista vai muito além das outras e motiva quem o acompanha. Ele se preocupa com os outros sinceramente. Quando um dos aliados fraqueja, o líder servidor estende a mão. Ao identificar os valores e a fragilidade de cada um, ele investe naqueles que merecem a sua confiança. O líder servidor não exige a perfeição de ninguém, mas o crescimento continuado, a força de vontade e o caráter são inegociáveis.
DoaçãoUma das características mais marcantes do líder servidor é a crescente autoconfiança. Ao acreditar profundamente na causa e em sua capacidade de promovê-la, se permite doar por inteiro. Ele não tem medo de perder bens materiais, reconhecimento ou qualquer outra recompensa, pois sabe que o seu maior patrimônio está seguro: o próprio caráter.Servir aos outros é ser altruísta e não temer o abandono. O líder servidor tem consciência da sua importância para o grupo e não precisa proteger posições. Ao contrário da autoridade formal, ele não exerce um mandato passageiro ou vitalício. Sua influência é permanente, na medida em que deixa um legado valioso para as futuras gerações de liderança que ajuda a formar.Todo líder servidor é um mestre, que ensina princípios e valores através de suas atitudes. A humildade é necessária e deve ser a tônica, pois esse tipo de liderança se opõe ao reconhecimento individual. Ao contrário, visa a duplicação, a continuidade e o aperfeiçoamento de seus poderes, com a formação de novos líderes tão capazes ou melhores que seus antecessores. O objetivo da liderança servidora é maior que a própria existência do líder servidor. É contribuir com o sucesso da causa, hoje e sempre. Por isso, se alguém melhor preparado se apresenta para qualquer função, ele transfere seus poderes de bom grado. O projeto é comunitário e deve continuar também na sua ausência.Esse desprendimento necessário só ocorre quando se está seguro e confiante do seu papel. O líder servidor tem um propósito claro e acredita no futuro. Mantém-se entusiasmado com a causa e contagia os outros com a fé que demonstra em todas as oportunidades.
ConfiançaO líder servidor luta por altos ideais, em defesa da honra e da dignidade humanas. É um agente de transformação do mundo pela sua força interior e pela demonstração do próprio exemplo. Ele sabe exatamente sobre o que está falando. Compreende a sua missão e como expressá-la com clareza. Sente-se livre e é feliz porque faz aquilo que realmente tem como verdadeiro, valorizando a própria essência. Ele está tão seguro de si, que irradia sabedoria. É organizado e coerente com suas idéias, e se comunica muito bem.Sua vasta experiência contribui para que ele desenvolva uma poderosa intuição. Atento a todos os detalhes, é capaz de analisar uma situação em instantes e reagir prontamente, de acordo com os princípios e valores que norteiam sua existência. É preparado para decidir rapidamente em benefício do grupo, e costuma acertar com freqüência.Em virtude das sucessivas vitórias, o líder servidor mantém-se positivo e exala confiança, mesmo nos momentos mais difíceis. Ele enfrenta a oposição e sustenta a moral do grupo com serenidade, suportando todas as pressões que recebe. Por isso, consegue ensinar tanto em ambientes favoráveis quanto hostis, quando a maioria das pessoas se deixa levar pelo descontrole emocional. Ele reage de maneira equilibrada diante dos maiores obstáculos e impressiona os aliados com sua capacidade de superação.O líder servidor sabe da sua competência e tem a consciência expandida. Com mais confiança, arrisca novas tentativas e não se importa com os erros do aprendizado. Ele sabe que é uma questão de tempo e que todas as críticas são passageiras.
EvoluçãoA atitude do líder servidor é muito similar a de pais e educadores. Ele não conduz suas atividades de maneira ditatorial e impessoal, obrigando os outros a cumprirem suas tarefas, a qualquer custo. Mais importante do que impor o que considera certo é dialogar e compartilhar entendimentos. Afinal, o objetivo da liderança servidora é perpetuar e progredir. Imposições limitam, causam rompimentos e abalam a confiança das relações.O líder servidor é um eterno aprendiz. Ao compartilhar o que pensa e sente, interage com os outros, acumulando novas experiências. Por isso, a relação não é unilateral, de prepotência e autoridade. A sabedoria está justamente em deixar-se transformar e evoluir, pela influência externa de quem se aproxima no intuito de somar.Ele é sensato e acata as críticas construtivas, pois está permanentemente aberto ao diálogo. Escuta com atenção o que os seus aliados mais próximos têm a dizer e não guarda rancor quando questionado. Sabe que os diferentes pontos de vista nos ajudam a enxergar com mais profundidade as situações e vê o isolamento como um grande erro.Palavras e exemplos são as únicas armas que possui. O líder servidor não se utiliza de nenhum outro meio para atrair e manter aliados. Por isso, não teme a oposição. Ao elevar sua voz, é criticado pelos adversários, mas evita entrar em conflito com eles. Não desperdiça energia desnecessariamente, por questões menores. Ele sabe que a sua crença inabalável e a coerência de suas ações incomodam os mais fracos, ao mesmo tempo em que fortalecem suas idéias, apontando os caminhos que deve seguir. Os que ficam do seu lado, naturalmente, percebem sua integridade e evoluem na mesma direção.O líder servidor não se faz da noite para o dia. É um processo gradativo de conquista, em que a consistência de suas ações vale mais que a dimensão de um determinado feito. Ele atrai as pessoas e as mantém próximas pela qualidade e continuidade das suas lições. Caso contrário, não haveria por que permanecerem juntos.Ele é sensível ao tempo e espera o momento certo para agir. É prudente e objetivo. Usa o tempo a seu favor. O líder servidor cuida do solo e semeia todos os dias, pois sabe que uma boa colheita só acontece após muito investimento.O líder servidor tem carisma, mas não a usa apenas para despertar emoções. Ele sabe que o poder só tem valor se usado para ensinar os outros, alcançando a mente e o coração de maneira equilibrada. Ele é criativo e empreendedor. Reinventa o que considera inadequado. É um sonhador que toma providências para realizar o que acredita ser o melhor.Sua capacidade é latente e inspira os outros a libertarem seus talentos e desejos, antes adormecidos. Ao encontrar a própria paz, consegue definir melhor as prioridades e dar tempo ao tempo. É paciente e determinado em sua caminhada evolutiva.
ConsistênciaO líder servidor não espera ter todas as informações para entrar em ação. Sabe que os pequenos progressos abrem caminho para novos aprendizados, que ampliam a visão e fornecem recursos para seguir adiante. Por isso, ele dá sempre o primeiro passo.A liderança servidora pressupõe estabilidade emocional, estratégia e firmeza de princípios. Ninguém se sente seguro em acompanhar líderes volúveis, que mudam de opinião a todo instante. Da mesma forma, os aliados devem ser autênticos e fiéis à causa que abraçaram. A confiança é a base de todas as relações e deve se confirmar ao longo do tempo. Caso contrário, não há como continuar na mesma empreitada.Ele é flexível e compreensivo. Não tem preconceitos, pois valoriza o talento natural e o grau de compromisso, mais que a condição sócio-cultural ou a aparência. O que importa são as virtudes reais de cada um. Ele se exprime com bondade e fala bem dos outros, evitando o enfoque negativo. Quando faz críticas, são sempre construtivas, pois acredita sinceramente na capacidade dos outros evoluírem também. Sua vontade é que cada ser humano possa revelar o que tem de melhor, de mais elevado.Quando surgem conflitos entre os seus aliados e seguidores, age como um pacificador, gerando um sentimento de comunidade fraterna. Ele é generoso, iluminado e agregador, buscando sempre uma solução cooperativa para preservar a harmonia das relações.O líder servidor cria realidades novas, antecipa os desafios e oportunidades. Compartilha com os aliados suas impressões, pois sabe que é necessário alinhar os pensamentos para manter a união. Ele entende que o poder coletivo é maior que suas próprias virtudes, e que não adianta avançar se os aliados estão dispersos. A vitória deve ser fruto de um trabalho em equipe, e comemorada por todos que colaboram para a conquista.Ele não poupa esforços e sacrifícios durante a preparação, pois sabe que a responsabilidade de liderar é muito grande. Ao aceitar o desafio de ensinar os outros, assume o controle sobre a própria educação e se obriga a ser o melhor aprendiz.Além de conhecer o que ensina, o líder servidor sabe a importância de ser o que ensina. Abre mão do orgulho em função da responsabilidade que tem.
DedicaçãoO líder servidor entende a interdependência entre as pessoas e o universo. Por isso, cuida bem de seus aliados e se importa com as famílias. Sabe que todos precisam ter suas necessidades satisfeitas, tranqüilidade e condições adequadas para produzirem os melhores resultados.O líder servidor coloca os outros em primeiro lugar, mas focaliza no sucesso coletivo. Quando obrigado a tomar decisões que afetam outras pessoas, o faz da maneira mais humana e sensível. Ele age com o coração. É compassivo e se importa com os sentimentos de cada um, porém, sabe a hora certa de preservar os interesses do grupo.O líder servidor pensa coletivamente e não centraliza o poder. Sempre delega responsabilidades e divide as recompensas com justiça. Ele reconhece as virtudes e o esforço de cada participante, estimulando-os a novos desafios. Sabe que a motivação dos seus aliados só é mantida quando eles se sentem valorizados. O líder servidor assume inteiramente a responsabilidade sobre seus atos. Admite quando erra e pede desculpas, abrindo espaço para que os outros façam o mesmo quando sentem necessidade. Ele é solidário, descontraído e naturalmente imperfeito. Isso inibe o medo de errar e permite que seus aliados experimentem novos desafios. Sem a pressão da cobrança demasiada, podem aprender mais e melhor.Ele enfatiza que a prática é a melhor forma de fixar novos conhecimentos. Sabe que a intuição é resultado de uma exaustiva carga de treinamento. Por isso, promove o esforço continuado.
SuperaçãoO líder servidor consegue visualizar o êxito com tanta clareza que sente uma motivação genuína a impulsioná-lo adiante. Isso é o que permite vencer as resistências. A visão de longo prazo ajuda a superar todos os desafios e sacrifícios do caminho, com menos dor e sofrimento.Ele tem iniciativa. Ninguém precisa motivá-lo, pois a energia que move o líder a fazer vem de dentro. Parte da sua própria natureza. O líder servidor é humanitário e consciente de suas responsabilidades perante o universo.
Ele busca força e serenidade em períodos de recolhimento espiritual. Medita e cura suas feridas antes de seguir em frente, pois sabe que as reações de um líder não podem ser afetadas por qualquer adversidade. É preciso manter o equilíbrio entre razão e emoção, visão e senso prático, para a tomada de decisões numa base consciente. É essa estabilidade que cativa os outros.O líder servidor se empenha, com paciência e concentração. Busca o aperfeiçoamento de suas relações e controla impulsos com sabedoria. É disciplinado na busca da perfeição, dando a oportunidade para que outros o acompanhem nessa jornada evolutiva.É com amor e dedicação que ele se faz presente.
Liderança em xequeAo longo da história, percebemos que há um grande desequilíbrio entre aqueles que governam pelo poder da autoridade formal e os servidores, que nos ensinam pelo exemplo. À exceção dos líderes religiosos e pensadores iluminados, que bravamente dedicaram suas vidas contra a violência e as desigualdades do mundo, assistimos a um desfile de horrores praticados por ditadores de toda espécie. Pessoas que, não sabendo convencer pela palavra inteligente, recorrem à força para se fazerem ouvir.Como conseqüência, podemos notar que as estruturas da sociedade sempre foram baseadas em diferenças sociais, culturais e econômicas. O poder formal é distribuído entre os homens, considerando qualquer característica externa para fabricar legitimidade, segundo regras impostas e interessantes ao líder mais poderoso do momento. A hierarquia se faz dessa maneira. Que características são essas? Força física, posses, oportunidades, berço, opção religiosa, cor da pele, poderio bélico? Depende da época e, sobretudo, da democracia. Quando poucos decidem por muitos, qualquer que seja a combinação escolhida, tende a ser derrubada. São artifícios para impor autoridades formais que não se sustentam ao longo do tempo, simplesmente porque espelham os anseios de uma minoria privilegiada.Hoje, porém, todas as hierarquias perdem sua força na medida em que a democracia deixa de ser uma manifestação localizada, em épocas de eleições. Dotados de meios de comunicação cada vez mais ágeis, abrangentes e poderosos, os seres humanos conversam com muito mais intensidade entre si, fazendo emergir desejos coletivos incontroláveis.Ao mesmo tempo, crescem as estruturas em forma de rede, gerando interdependências entre fortes e fracos, em todas as direções. As relações de poder são pontuais e efêmeras, para cada caso, transferindo a liderança de mão em mão.
Com quem você quer seguir?Em uma sociedade interdependente, somos todos mais sensíveis. Nossas percepções estão mais aguçadas e qualquer movimento, bom ou ruim, é imediatamente percebido.Nesse contexto de transparência, que tipo de liderança tende a emergir? Será que os interesses individuais de uma autoridade formal podem ser ocultados por muito tempo? Ou será que a verdadeira intenção coletiva dos líderes servidores prevalece?Leia os jornais e veja quão rápido as máscaras caem. A cada dia, um novo escândalo envolve autoridades formais de todo tipo. Pessoas que detêm poder e não sabem o que fazer com ele, por serem individualistas e mesquinhas demais.Por outro lado, perceba a proliferação de vozes que se levantam contra esses desmandos e a quantidade de lideranças reais que nascem nas bases da nossa pirâmide social.Em uma estrutura de rede, em que tudo está virtualmente ligado, a verdade transparece. Ou seja, os valores e interesses de cada um afloram muito rápido, impedindo até os mais habilidosos de manipularem os fatos. Como conseqüência, as pessoas estão aprendendo a notar pequenas variações de caráter, para tirarem suas próprias conclusões.O mundo está fora de controle porque nossas lideranças estão em xeque. Muitas autoridades formais perdem sua credibilidade, enquanto uma nova geração de líderes servidores começa a assumir o comando das nossas instituições. Não é uma transição simultânea e muito menos pacífica, pois quem exerce o poder pela força costuma resistir às mudanças, agressivamente. Devemos atravessar uma fase difícil, mas não é uma questão de escolha. O amor há de vencer.
Sergio Buaiz é publicitário e escritor.

10/12/2007

A LIDERANÇA FOCADA NA EQUIPE


por Maria Inês Felippe
"Sua ação deve corresponder a sua fala. Trabalhe em equipe"

Nenhum homem é uma ilha - você já ouviu isso antes? Pois é, podemos perceber que viver socialmente é uma necessidade inerente dos seres humanos, algo que os caracterizam. Porém, muitas vezes, negligenciam estas habilidades através do uso de diversas tecnologia, tais como: Correio eletrônico, Internet, Fax, etc.

Chega a ser até uma contradição, pois vivemos numa sociedade baseada nas realizações individuais e o homem com necessidades sociais.

No entanto, percebemos mudanças, pois algumas organizações têm estabelecidos seu planos de salário, incentivos, onde se remunera tanto pelas ações individuais quanto pelas grupais.

Mas trabalhar em equipe não é tão fácil e simples, pois somos competitivos e estamos acostumados a trabalhar individualmente. Para trabalharmos em equipe, precisaremos treinar muito. Muitas vezes, é mais fácil e rápido decidir sozinho, apesar de podermos podemos recorrer a erros. Porém, várias pessoas pensam melhor do que uma.

A maioria das atitudes positivas ou negativas, somente são tomadas quando os homens estão em grupo, pois sozinhos estas não se manifestam. Desta forma, o sucesso de uma organização é substancialmente influenciado pelo desempenho de diversos grupos, que interagem entre si, e por toda a hierarquia da empresa.

As soluções dos problemas, lançamentos de novos produtos, ações, decisões são resultados de esforços em conjunto, entre os empresários e suas equipes de trabalho.

Não chegaremos em lugar algum sem a ajuda de diversas pessoas, de suas orientações e ou informações. Estimular a coesão é fundamental, pois a empresa coesa está mais preparada para enfrentar os desafios da globalização, através da formação de times , equipes de trabalho.

Um grupo coeso, torna-se mais determinado, criativo além da interação entre seus membros ser mais rápida e não necessitar de supervisão constante. Mas em contrapartida, por vezes, o grupo reluta mais as novas idéias e é geralmente mais reivindicador.

Agora, para que o grupo realmente funcione satisfatoriamente, é preciso que seus integrantes tenham:
Certa independência.
Sejam reconhecidos como tais.
E tenham objetivos em comum.
O trabalho em equipe é um trabalho de grupo com alto desempenho, onde seu potencial geralmente é grande e precisa ser bem administrado, pois necessita obter uma participação mais objetiva, alcançando altos estágios de desempenho ou seja, ultrapassando os modos tradicionais.

Sendo assim é necessário que haja:
Desafios
Coesão
Comprometimento
Responsabilidade
Estímulos
Motivação
As diversas habilidades de seus componentes devem ser usadas da melhor forma possível, apesar da visão diferenciada que cada um, possui, pois só assim poderemos colher frutos neste novo cenário. A falta de coordenação pode levar a conflitos, à duplicidade de função e à ineficiência, ou seja, a organização precisa preparar-se para os Times de trabalho.

Portanto é necessário identificar pontos que podem bloquear ações criativas, trabalhos em equipe, e desmistificar a competitividade. Para isso torna-se importante uma comunicação adequada e uma liderança eficaz.

E como será que está a equipe de funcionários dentro da sua empresa? e seus líderes? Será que realmente sabem o significado da sua empresa, seus objetivos, da importância e da interdependência das diversas áreas interdependência. Seus trabalhos são reconhecidos? Você é pensou sobre isso?

Trabalhar em equipe é uma questão de maturidade, pois significa escutar pessoas, abrir mão de opiniões, concordar que as opiniões de outros membros podem ser melhores que as minhas, etc. Dessa forma, é importante que estejamos seguros das nossas habilidades para conseguirmos controlar nossas emoções, aproveitando ao máximo da equipe, reconhecendo falhas e desenvolvendo habilidades.

Para isso, é preciso maturidade e treino. Devemos perceber que como integrante do grupo, temos algo a contribuir, assim como demais pessoas que compõem a organização também poderá colaborar. Sendo assim, deixo de ser o dono da verdade.

Será que estou preparado para trabalhar em equipe?

Conheça a si próprio

Para nos auto avaliarmos, precisamos certas bases de conhecimentos psicológicos gerais, que deve ser acompanhada de constante auto-análise, que nos permita aprofundar dia-a-dia, a noção que temos de nossas possibilidades e limitações, de nossas aspirações êxitos, insucessos e assim por diante.

O auto conhecimento deve resultar nosso melhor ajustamento e a conquista da maturidade e controle emocional, ou seja:
Capacidade de entender os outros e de nos fazermos entender pelos outros.
Nos julgarmos e julgar os outros o mais objetivamente possível.
Nos aceitarmos e aceitar os outros, admitindo que ninguém é isento de falhas, mas que também encontraremos qualidades em nós e em qualquer outro ser humano, se desejarmos realmente encontrá-las.
Conhecimento de suas habilidades e defeitos, como e o que melhorar.
Compreendendo sua equipe:

Conhecer os outros implica, inicialmente, num vasto conhecimento da natureza e das motivações mais comuns e freqüentes no ser humano, do que o impulsiona a agir.

É necessário formular idéias as mais precisas o possível, das características individuais das pessoas com as quais estamos em contato.

Diferenças individuais abrangem:
Tipos de inteligências.
Diversidade de temperamento.
Diversidade de reação.
Graus de cultura.
Interesses dominantes.
Tipos de motivação e expectativas
Sentimentos.
Observe o seu grupo de trabalho.

Características do Time perdedor:
Objetivos indefinidos.
Atuações confusa.
Individualismos.
Falta de direcionamento.
Comunicação confusa.
Desperdício e baixa produção.
Conflitos.
Faltas de feedback.
Inexistência de comprometimento.
Doenças psicossomáticas.
Atrasos e faltas constantes.
Características do Time vencedor:
Confiança mútua.
Auto sustentação.
Objetivos definidos.
Comunicação vertical, horizontal e transversal.
Aproveitamento das habilidades individuais.
Comprometimento.
Feedbacks constante.
Trabalhos com quantidade e qualidade.
Liberdade de expressão.
Criatividade e inovações.
Buscando sucesso através da sua equipe

A obtenção do sucesso está também relacionada às atitudes e as habilidades do Administrador designado para, juntamente com a sua equipe, atingir os objetivos traçados pela organização.Inicialmente, ele deve levar a sua equipe à obtenção do sucesso. Para isso, deverá:
Integrar - Resgatar a vontade pelo trabalho, principalmente, considerando as experiências traumáticas obtidas nos processos de reengenharia, e de corte de pessoal; que levou os funcionários a se sentirem totalmente instáveis no trabalho. Integrá-lo ao novo contexto. Mantendo uma uniformidade.
Desenvolver - Planejar e acompanhar o desenvolvimento do trabalho a ser executado, motivando a equipe e promovendo o auto- conhecimento.
Adequar - Aproveitar e desenvolver as habilidades de cada funcionário, aproveitando utilizando-se de recursos como conhecimentos sobre liderança, motivação, visão global dos acontecimentos, propiciando assim condições para que as metas sejam alcançadas. Busque a sinergia grupal.
Buscar resultados - O êxito na execução das tarefas em equipe está diretamente ligado ao sucesso que a organização visa alcançar tendo bem claro o seu propósito.
Identificar e respeitar - Desenvolver o ritmo de cada profissional, pois as pessoas não são iguais. Saiba ouvir. Cada profissional tem o seu ritmo, suas habilidades. O Administrador cabe identificá-lo além de aproveitar o que cada profissional tem de melhor, e de propiciar o desenvolvimento das habilidades faltantes.
Coesão - Para se manter um time em pleno funcionamento deve-se criar ambiente onde as metas e objetivos individuais possam se materializar.
Abertura - Comunicação livre e aberta, estimulando e premiando novas idéias, levando-as à concretização; propiciando assim a participação e comunicação aberta.
Objetivar - Estabelecer de perspectivas através da Administração por objetivos, onde as funções e atribuições de trabalho tornem-se claras.
Respeitar - As características individuais, posicionamentos, limitações buscando-as sempre desenvolvê-las.
Quebrar paradigmas - Os mais famosos: Errar é humano, Cachorro velho não aprende novos truques, Vassoura nova sempre varre melhor, Santo de casa não faz milagre, Em casa de ferreiro o espeto é de pau, Querem mudanças mas tudo continua a mesma coisa, Funcionários só querem moleza, Patrão só sabe explorar, etc.
Criatividade - Estimular a geração idéias, novos produtos, soluções de problemas, etc.
Discordância civilizada - a equipe deve estar confortável para discutir posicionamentos divergentes com respeito buscando um consenso.
Liderança situacional – modificá-la conforme as circunstâncias e a maturidade da equipe.
Feedback - auto avaliação, tanto dos funcionários como dos clientes.
Cuide da saúde física e mental do trabalhador - cuide bem delas, estimulando através de palestras, a qualidade de vidas, pratica de esportes, e a busca o auto- conhecimento, evitando o álcool, o fumo, as drogas e fazendo refeições sadias.
Evite o incentivo ao Workaholic.
Alguns cuidados

É preciso ser cauteloso no mundo dos negócios. As atitudes devem ser coerentes e pró-ativas, traçando objetivos pertinentes e estimuladores. Porém, muitas vezes, o administrador/empresário se encontra tão ávido pelo sucesso que acaba prejudicando e trazendo malefícios àqueles a sua volta, levando-os ao stress. Por vezes acaba prevalecendo os objetivos pessoais em detrimento aos organizacionais.

As pessoas crescem através da aceitação de desafios, Mas CUIDADO! Muitas vezes, os objetivos ou desafios são parcial ou totalmente inatingíveis; o que poderá fazer com que o grupo se desmotive.

O grupo enriquece a informação, reconstituindo e atualizando-a permitindo que ser trabalhe com maior profundidade.Para que ocorra a sinergia de um grupo é preciso saber compartilhar conhecimentos, bem como existir envolvimentos.

Esta sinergia emerge quando o grupo entende o(s) objetivo (s) organizacional (is).

Busque resultados através da sua equipe - Técnica: “Fale, faça, estimule”.

Faça esse exercício na sua empresa:
Reúna sua equipe.
Determine ou estabeleça com o grupo um objetivo.
Peça para que analisem quanto à sua viabilidade.
Quais as estratégias que podem ser criadas?
Quais as etapas?
Quais as áreas envolvidas?
Quem será o responsável por cada uma dessas áreas?
O que será preciso?
Qual o prazo necessário?
Determine o prazo final.
Acompanhe o trabalho da equipe.
Cobre resultados.
Reavalie.
Refaça e exercício para outros objetivos
Obs. Sempre que propuser algo a sua equipe, estimule a criatividade, sempre fazendo com que o grupo traga pontos convergentes e divergentes às idéias estabelecidas. Você pode se utilizar desta técnica para soluções criativas de problemas, etc. O importante é que você também trabalhe em equipe, e não apenas fale sobre a sua importância.

Participe, forneça ajuda, eleve a auto estima do grupo.

* Maria Inês Felippe é Psicóloga, Especialista em Adm. de Recursos Humanos e Mestre em Desenvolvimento do Potencial Criativo pela Universidade de Educação de Santiago de Compostela - Espanha. Palestrante e consultora em Recursos Humanos, Desenvolvimento Gerencial e de equipes, Avaliação de Potencial e competências. Treinamentos de Criatividade e Inovação nos Negócios. Palestrante em Congressos Nacionais e Internacionais de Criatividade e Inovação e Comportamento Humano nas empresas. Vice Presidente de Criatividade e Inovação da APARH.

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